O ex-ministro Geddel Vieira Lima pediu o relaxamento da sua pena exibindo feitos na prisão, como ter se formado em cursos de auxiliar de pedreiro, vendedor, auxiliar de cozinha e outros.
Além disso, tornou-se um ás da leitura, conforme sustenta sua defesa.
Coisas preciosas que ele não tinha tempo de fazer quando era vice na Caixa Econômica Federal, ministro da Integração e do Governo e era obrigado a tratar de coisas reles, que tomavam todo o seu rico tempo, como formular métodos e sistemas de roubar.
No entanto, desde aquela época ele já sonhava em ser auxiliar de pedreiro, carregando um carrinho de mão e blocos de tijolos por cerca de 10 horas por dia (ou mais), debaixo de um sol escaldante.
A Procuradoria Geral da República (PGR) enviou para o Supremo Tribunal Federal (STF) um parecer opinando para que o ex-ministro, que foi condenado a 14 anos de prisão no caso dos R$ 51 milhões encontrados em apartamento em Salvador, passe para o regime semiaberto.
Para a subprocuradora Lindora Araújo, que assina o parecer, Geddel, o “suíno” (segundo Renato Russo que foi colega dele no Colégio Marista de Brasília nos anos 70), já pode ir para a prisão domiciliar por ter passado 29 meses preso.
Além do prazo, a subprocuradora argumenta que Geddel teve um bom comportamento dentro da prisão. “Considerando que a prisão preventiva foi implementada em 03/07/2017, o requisito objetivo foi satisfeito. (…) Finalmente, também o requisito subjetivo foi satisfeito, pois a certidão acostada atesta o bom comportamento do réu”, diz no parecer.
A subprocuradora é da equipe escolhida pelo novo procurador-geral Augusto Aras para coordenar a Lava Jato na PGR. Aras, por sua vez, foi escolhido por Jair Bolsonaro para chefiar a PGR mesmo sem ser o primeiro da lista tríplice apresentada.
Em setembro de 2017, a Polícia Federal descobriu um apartamento em Salvador no qual Geddel Vieira Lima e seus familiares, entre eles seu irmão e ex-deputado Lúcio Vieira Lima, guardavam em malas a milionária quantia.
Geddel, que foi ministro da Integração Nacional de Lula, vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal do governo Dilma e ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer, desviou dinheiro da Caixa Econômica Federal e recebeu propina da Odebrecht.
Geddel foi preso preventivamente em julho de 2017 por estar tentando impedir as delações do ex-deputado Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro, que ajudariam nas investigações sobre os crimes cometidos dentro da Caixa.
Segundo a defesa de Geddel, no pedido para relaxar a prisão do seu cliente, o ex-ministro fez 17 cursos, dois de 100 horas e 15 de 180 horas, para ser eletricista, auxiliar de oficina mecânica, vendedor, lavanderia hospitalar, auxiliar de pedreiro e auxiliar de cozinha e aprendeu inglês e matemática.
De acordo com a defesa, a prisão fez bem para Geddel, e relata também que ele se tornou uma fera da leitura, devorando livros, como “Crime e Castigo”, do escritor russo Fiódor Dostoievski, e “Inteligência emocional” do psicólogo americano Daniel Goleman.
Agora caberá ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, relator da Lava Jato, decidir se concede o benefício a Geddel.