O miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, chefe da milícia do Rio das Pedras e do Escritório do Crime, morreu, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, após um confronto com policiais militares, na manhã de domingo (09), na zona rural da cidade de Esplanada.
Há relatos, divulgados pelo jornal Estadão, de que, na quarta-feira (05), Adriano teria entrado em contato com o advogado Paulo Emilio Catta Preta e que manifestou a ele preocupação com uma possível queima de arquivo.
A operação de localização do suspeito foi uma ação conjunta da Secretaria de Segurança Pública da Bahia e da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro (Sepol).
Já há uma semana, um delegado e dois agentes da polícia civil do Rio haviam sido deslocados para a Bahia para participar da operação de captura do ex-PM. No domingo (02), depois de receber informações de que Adriano estava na Bahia, uma equipe de policiais civis do Rio e da Bahia foi até a casa onde a família de Nóbrega está hospedada, na Costa do Sauípe, mas não o localizou – só estavam a mulher e duas filhas dele.
A Polícia do Rio informou que o ex-PM esteve lá nos dias anteriores, mas conseguiu fugir antes da chegada dos policiais. Contra ele, havia um mandado de prisão expedido em janeiro de 2019.
Segundo a Polícia Civil do Rio, Adriano da Nóbrega era investigado pelo setor de inteligência do órgão e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público há cerca de um ano. Ao longo deste tempo, os agentes o monitoravam e chegaram ao paradeiro do ex-policial militar, na Bahia.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que no momento do cumprimento do mandado de prisão o suspeito resistiu com disparos de arma de fogo e terminou ferido.
Ele chegou a ser socorrido e levado para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos. Os policiais informam que apreenderam com o foragido uma pistola austríaca calibre 9 mm. Dentro do imóvel, segundo a SSP-BA, as equipes encontraram mais três armas.
O miliciano e assassino profissional Adriano Nóbrega tinha ligações estreitas com Flávio Bolsonaro e seu segurança e motorista, Fabrício Queiroz. No Escritório do Crime, Nóbrega era chefe de Ronnie Lessa, preso pelo assassinato da vereadora Marielle Franco.
A mãe do miliciano foragido, Raimunda Veras Magalhães e sua mulher, Danielle Nóbrega, eram funcionárias do gabinete de Flávio quando este era deputado estadual no Rio. As duas eram funcionárias que não trabalhavam.
O MP do Rio suspeita que elas faziam parte do esquema da lavagem de dinheiro do gabinete de Flávio Bolsonaro. Queiroz chegou a receber dois repasses em dinheiro de duas pizzarias controladas por Adriano e que tinham sua mãe Raimunda como dona formal.
Os dois repasses vieram das empresas controladas por Adriano. Um da Pizzaria Tatyara Ltda, de R$ 45.330 mil e outro do Restaurante e Pizzaria Rio Cap Ltda no valor de R$ 26.920 mil. O MP suspeita que Adriano era sócio oculto dos dois restaurantes e que a operação era de lavagem de dinheiro. Formalmente, o ex-policial não aparece no quadro societário das empresas. Quem aparece é a sua mãe, Raimunda.
Os promotores investigavam se um saque de R$ 202 mil das contas de Danielle e Raimunda foram entregues em mãos a Fabrício Queiroz, evitando assim qualquer rastro dos repasses.
Adriano foi homenageado duas vezes por Flávio Bolsonaro, sendo que numa dessas homenagens, em 2005, ele recebeu do deputado a Medalha Tiradentes, maior honraria do estado do Rio de Janeiro.
Pouco antes de vir a público as denúncias de lavagem de dinheiro no gabinete de Flávio, seu assessor, Fabrício Queiroz, exonerou Danielle do cargo para que, segundo ele próprio, “não se fizesse uma ligação entre o gabinete e as milicias do Rio de Janeiro”.
Mensagens contidas no telefone de Danielle Nóbrega, então mulher de Adriano Nóbrega, apreendido pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, durante a Operação “Os Intocáveis”, revelaram que Fabrício Queiroz demitiu Danielle para tentar blindar Flávio.
Num primeiro momento, por mensagem de texto, Queiroz pediu à Danielle que evitasse usar o sobrenome do miliciano. Depois, Queiroz comunicou por Whatsapp a Danielle que ela estava exonerada do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa (Alerj).
Na quarta-feira (29/01) o governo federal divulgou uma lista dos criminosos mais procurados pela Justiça brasileira e pelas polícias de todo o Brasil. Chamou a atenção o fato de que, no anúncio, não constava o nome de Adriano da Nóbrega, um assassino profissional perigoso e que estava foragido há uma ano.
O nome de bandidos procurados só não constam da lista, ou deixam de constar, quando são capturados ou quando são mortos. Coincidentemente ou não, foi exatamente na quarta-feira do anúncio da lista que, segundo o Estadão, o miliciano teria entrado em contato com o advogado acima citado e falado em morte.
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