As apresentadoras Fátima Bernardes e Miriam Leitão, também colunista, repudiaram as agressões de Jair Bolsonaro à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, que investigou os disparos ilegais em massa de mensagens pelo WhatsApp durante a campanha presidencial de 2018.
Durante o programa “Encontro”, da TV Globo, Fátima Bernardes condenou a mentira de Hans River do Nascimento, ex-funcionário da Yacows, agência de marketing digital, diante da CPMI das Fake News, e que foi endossada por Jair Bolsonaro.
Hans disse que Patrícia teria se “insinuado sexualmente” para conseguir material para sua reportagem. A Folha de S. Paulo divulgou a conversa entre os dois que prova que, na verdade, foi Hans quem convidou Patrícia para ir a um show e que ela ignorou o convite.
“Hans River pode ser indiciado por mentir à CPMI, crime com pena de 2 a 4 anos de prisão”, lembrou Fátima durante o programa.
“É muito curioso, porque se fosse um homem sendo o repórter dessa matéria, dessa entrevista, ele não usaria esse tipo de argumento. Então, muitos jornalistas, homens e mulheres, estão se manifestando em apoio e solidariedade à repórter da Folha por essa acusação absurda”, disse.
Para Miriam Leitão, Jair Bolsonaro “ofendeu uma jornalista ao dar razão a uma calúnia sexista” com o objetivo de “intimidar a imprensa”.
“Bolsonaro passou de todos os limites. A democracia brasileira não pode aceitar esse tipo de comportamento do presidente da República. Em 48 anos de profissão, já vivi sem a liberdade de imprensa e sem o respeito de autoridades ao papel institucional do jornalismo”, continuou, em texto publicado no seu blog.
“É preciso repudiar imediatamente e de forma rigorosa e veemente o que fez hoje o presidente Jair Bolsonaro”, afirmou.
“O cargo que ocupa lhe dá poderes, mas também traz obrigações, e ele as têm descumprido frequentemente. Aconteceu no conflito sobre a tributação dos estados, em que ele ameaça a Federação. Ocorreu de novo agora, com a quebra de decoro por calúnias sexistas”.
“Todos precisam ter noção da gravidade do que está acontecendo. A perda de respeito pelas instituições é o começo do fim do projeto de uma democracia. Os outros poderes precisam reagir para que o presidente entenda os seus limites”, concluiu.