“Não vamos aceitar a entrega da Embraer para a Boeing. A Embraer é nossa”, afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Herbert Claros contra a venda da empresa, em encontro que definiu o lançamento ainda esta semana de uma campanha conjunta dos Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos (onde fica a sede da empresa), Araraquara e Botucatu em defesa da Embraer.
Os três sindicatos juntos representam 16.000 trabalhadores da estatal.
O sindicalista destacou que a venda da empresa é danosa para o interesse nacional “A venda para a Boeing ameaçará empregos, a soberania no setor e a própria permanência da Embraer no Brasil”, disse Herbert Claros.
Na última sexta-feira (12), o ministro da Defesa de Temer, Raul Jungmann, participou de um encontro com executivos da Boeing. Segundo ele, a reunião tratou de futuras parcerias com a multinacional. Após o encontro, Jungmann afirmou que o controle acionário da brasileira é uma questão de soberania nacional e não será transferido, nem irá à mesa de negociação entre as empresas.
Mas a verdade é que em 19 de julho de 2017, houve uma consulta encaminhada ao Tribunal de Contas da União pelo Ministério da Fazenda sobre a possibilidade do governo abrir mão das ações de classe especial (golden share) da Embraer, Vale e IRB-Brasil Resseguros. Sem essas ações, o governo perde o poder de veto sobre decisões dessas empresas. No caso da Embraer, a golden share dá poder de veto em questões como venda, programas militares e acesso à tecnologia.
Estiveram na reunião representando a Boeing o presidente para América Latina, Donna Hrinak, os executivos Greg Smith, vice-presidente financeiro, Travis Sullivan, vice-presidente de cooperação estratégica, e Ray Conner, diretor comercial. O governo brasileiro levou para a reunião com o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), o brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, o secretário de produtos de defesa, Flávio Basílio, o secretário de economia e finanças da FAB, José Magno Araújo, e o diretor de economia e finanças da FAB, Heraldo Luiz Rodrigues.
Uma negociata entre o governo Temer e a multinacional norte-americana causou apreensão no comando da Força Aérea Brasileira (FAB). Na última quinta-feira, membros da FAB se reuniram com diretores da empresa sueca SAAB. Segundo a coluna “Expresso”, da revista Época, o clima na FAB e na companhia europeia é de irritação com a empresa americana, que passaria a ter atuação no andamento do projeto FX-2, que prevê a produção de 36 caças suecos Gripen junto à empresa brasileira.
Ainda no dia 11, um novo “especialista de mercado” foi anunciado para a Embraer. Trata-se do ex-CIO (Chief Information Officer – Diretor de Tecnologia da Informação) André de Souza Doro. O executivo trabalhava anteriormente na Arezzo, marca de sapatos do Rio Grande do Sul.
A lógica mercantilista na Embraer não é exatamente uma novidade. Em 1994, houve a abertura de capital da Embraer que passou a ter acionistas estrangeiros, que nunca tiveram a menor preocupação em preservar empregos dos trabalhadores, ou manter a empresa vinculada a uma estratégia nacional. O resultado disso está no processo de desnacionalização da estatal como ocorreu com os jatos Phenom, que hoje são produzidos nos Estados Unidos. Até mesmo o cargueiro militar KC-390, que custou R$ 6 bilhões ao governo brasileiro, tem peças sendo produzidas no exterior.
Já durante os 13 anos de PT, nenhuma medida para reverter esta situação, ou aumentar o controle nacional na empresa foi tomada.
Em resumo: O petróleo é dos árabes, a Petrobrás é da CUT e a Embraer é da Boeing…