Em visita ao Ceará para ajudar nas negociações, após reunião com o Governador Camilo Santana (PT) o Senador paulista Major Olímpio (PSL) afirmou, na sexta-feira (21), que “não deve haver anistia num caso como esse. Se tiver anistia, você estimula isso em todos os estados. Não acho que seja o correto. O final de tudo não vai ser favorável para a categoria”.
O senador classificou os policiais militares que paralisaram as atividades nesta semana como “legião de jovenzinhos inexperientes que não sabem que vão se arrebentar, perder a função pública e condenados como criminosos militares”.
Olímpio disse isso em entrevista conjunta com os senadores Elmano Férrer (Podemos-PI) e Eduardo Girão (Podemos-CE), após visitar um quartel onde encontram-se amotinados alguns PMs. Os senadores que estão no Ceará defendem que os amotinados deveriam ceder.
Mais tarde em entrevista ao portal G1, o Major Olímpio acrescentou que “com esse desenrolar da situação, com a ocupação de quartéis, homens encapuzados andando armados pelas ruas, viaturas destruídas, não creio que prospere”.
“Além do mais”, ponderou, “tem o efeito cascata (sobre os outros Estados)”. No Jornal Nacional o senador afirmou que “a grande maioria dos senadores é contrária ao projeto de anistia para motins de forças de segurança pública em tramitação no Senado”.
O parlamentar paulista é relator do um projeto de lei que concede anistia aos militares do Espírito Santo e do Ceará e aos militares, policiais civis e agentes penitenciários de Minas Gerais por atuação em greves ocorridas entre 2011 e 2018. Sobre esse projeto, o senador também avalia que não há clima para ser analisado. “A reação a esse caso do Ceará é muito grande”, disse ele.
No Espirito Santo os amotinados deram uma espécie de salvo conduto aos bandidos em 2017, cruzando os braços e recusando-se a cumprir seu papel de polícia. Agora, no Ceará, a situação foi mais grave porque eles próprios passaram a aterrorizar a população, andando encapuzados, invadindo quarteis, atacando os policiais que se mantinham no trabalho e mandando o comércio fechar as portas.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT) está determinado a manter a punição. “Se a anistia acontecesse aqui, seria um grande prejuízo para o Brasil. Os governos sempre anistiam essa classe, o que é um erro. É um erro do país. Eles (policiais) fazem isso porque acham que, depois, não vai dar em nada. Mas a minha decisão é inegociável. Todos estão sendo identificados e serão punidos com o rigor da lei”.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, criticou o motim do Ceará. “O que vem acontecendo no Ceará é inadmissível. Crime de dano ao patrimônio público, destruindo viaturas, tiros. Onde já se viu policial que se queira policial – e eu tenho certeza que no STF não tem ninguém que tem mais ligação e admiração pela polícia do que eu -, como que podem ficar disparando tiros a esmo? Podia ter sido um morticínio gigantesco”, questionou Moraes.
Outro membro do STF, Ricardo Lewandowski, também endossou o posicionamento de Moraes e frisou que o motim de militares é vedado pela Constituição.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), declarou que não vê ambiente entre os deputados para pautar o projeto de anistia para militares amotinados.