“Alguns [líderes] estão visando o 4 de outubro nas urnas”, afirmou o líder do PSL no Senado
O senador Major Olimpio (PSL-SP) condenou a atuação dos policiais amotinados do Ceará, e criticou o quadro de “quebra de hierarquia absoluta” nos quartéis.
Segundo senador, os homens encapuzados e armados na rua “pareciam o Hezbollah [partido e grupo paramilitar libanês]”.
Para Olimpio, os ataques contra bens públicos e privados – um PM chegou a ser preso em flagrante em Crato, interior cearense, por incendiar o carro de uma moradora contrária à greve – são “coisa de terrorista e de criminoso”.
O senador do PSL declarou que nos principais quartéis rebelados, políticos oriundos da PM cearense assumem um papel de liderança. “Alguns estão visando o 4 de outubro nas urnas”, afirmou.
O motim em quartéis de Fortaleza, capital cearense, e cidades do interior, foi iniciado na última terça-feira (18). Eles reagiram depois do anúncio de um acordo de reajuste costurado entre representantes da PM, do governo do estado e deputados estaduais.
A reação desses “líderes” provocou uma onda de violência e depredações no estado do Ceará que culminou com o atentado à vida do senador Cid Gomes (PDT-CE), que recebeu dois tiros no peito, em Sobral, na última quarta-feira (19). O senador, sensibilizado pelos apelos e pelo pânico da população de Sobral, onde foi prefeito, deslocou-se para lá buscando uma saída para o impasse.
Entre essas “lideranças” citadas pelo senador do PSL está o deputado federal Capitão Wagner (Pros-CE), pré-candidato a prefeito de Fortaleza.
O senador Major Olimpio, líder do PSL no Senado, cita ainda o ex-deputado federal Cabo Sabino (Avante-CE) como um deles. “Sabino é meu amigo. Ele ficou quatro anos comigo como deputado. Eles estão irredutíveis, dizem que ou dão anistia, ou o movimento vai continuar”, lamenta o senador.
O líder do PSL integrou uma comissão de senadores que foi ao Ceará negociar uma solução para crise. Os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Eduardo Girão (Podemos-CE), Prisco Bezerra (PDT-CE) e Elmano Ferrer (Podemos-PI) também integraram a comissão.
Eles se encontraram com o governador Camilo Santana (PT) e com os cabeças do motim. “Só faltamos ficar de joelhos e implorar para eles. A maioria dos policiais acha que vai ter anistia”, relatou o Major Olimpio.
O senador mencionou outros políticos cearenses que estão atuando nos quartéis, mobilizando os PMs amotinados. Um deles é o vereador de Sobral, Sargento Ailton (expulso do Solidariedade), que comandava o piquete onde o senador Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado. Olimpio aponta também o deputado estadual Soldado Noelio (PROS-CE) e o vereador de Fortaleza Sargento Reginauro (Sem partido).
Além dos PMs políticos cearenses, Olimpio cita também o deputado estadual da Bahia, Soldado Prisco (PSC), presidente da Associação Nacional dos Praças (Aspra). Segundo o senador, Prisco tenta fomentar movimentos como o do Ceará em outros estados.
“O Prisco foi expulso da PM da Bahia [conseguiu ser reintegrado pela Justiça em 2017] e se tornou um mobilizador de greves profissional”, critica.
O senador se mostrou preocupado com a repercussão do movimento do Ceará em outros estados. “Eu me preocupo demais com isso nesse momento. Porque por salários miseráveis, piores que os que têm no Ceará, você tem no Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul. Na Paraíba tem um movimento semelhante.”
Olimpio defendeu o acordo salarial do governo cearense com os policiais do Estado.
“O governador me disse que não tem mais condição de esticar a corda. Já botou R$ 600 milhões para dar o reajuste e eles vieram com um pleito que custa R$ 2 bilhões. Eles merecem mais do que estão pedindo, mas o governo do Ceará está dando R$ 4.500 para um soldado. São Paulo, que tem R$ 239 bilhões de orçamento, paga R$ 3.180”, avaliou.
Por fim, o senador garantiu que uma anistia aos policiais amotinados do Ceará não encontrará espaço no Congresso. Nem mesmo a chamada “bancada da bala” apoiaria uma medida desse tipo.
“A bancada de profissionais de segurança aumentou pela credibilidade dos policiais e da atividade policial. Não vamos criar lideranças criminosas em uma atividade fundamental do Estado. Por isso que está escrito na Constituição que é vedada sindicalização e greve”, salientou.
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