US$ 55 bilhões batem asas
Em 2019, quando não se podia atribuir a responsabilidade pelos desastres econômicos a um “vírus comunista”, Bolsonaro e Guedes viram fugir do Brasil US$ 44,7 bilhões.
Apesar de todas as mordomias oferecidas aos capitais externos, das promessas e genuflexões, a saída de dólares bateu a entrada.
Os entreguistas em geral baseiam seus programas na ideia de que o Brasil não possui recursos suficientes para bancar seus investimentos. Para desenvolver-se, depende em grande medida dos investimentos externos.
Marcados pelo extremismo característico do lumpesinato, Bolsonaro e Guedes dão a essa dependência uma natureza absoluta e jogam todas as fichas na atração do capital norte-americano.
Acontece que os capitais externos, com a experiência de décadas de exploração e monopolização de economias alheias, costumam priorizar a segurança e não as ofertas ao estilo black friday.
O resultado dos desatinos continuados de Bolsonaro e da incapacidade de Guedes até para manter os mirrados 2% de “crescimento” herdados de Temer é que em 2020 a fuga de capitais acelerou.
Em dois meses de 2020, janeiro e fevereiro (+ quatro dias de março), saíram US$ 10,8 bilhões. Somados aos US$ 44,7 bilhões de 2019, bateram as asas e deixaram o país US$ 55,5 bilhões. Anualizados os valores de janeiro-fevereiro, a perda seria de US$ 109,5 bilhões no biênio. Com o dólar de Bolsonaro a 4,50 dá quase meio trilhão de reais.
A mistura de falta de credibilidade do governo com desordem social e política espanta o capital externo.
E quanto mais os espantalhos procurarem se esconder atrás do coronavírus, mais distante o Brasil estará da solução do problema.
SÉRGIO RUBENS