A 2ª Mostra Democrática – Cinema com Partido, que começa neste sábado (14), contará com uma novidade: parte da programação de 2020 será exibida no formato 35 Milímetros que possui melhor qualidade e garante uma melhor experiência ao público.
O Cine-Teatro Denoy de Oliveira, onde é realizada a Mostra Democrática, conta agora com um “Cinemeccanica Victoria 5”, projetor italiano com lentes especiais para a exibição de filmes em película. Somente nesta mostra, cinco clássicos do cinema mundial serão projetados em 35MM: Casablanca (1942), A Classe Operária Vai ao Paraíso (1971), Corações e Mentes (1974), Mauá, o Imperador e o Rei (1999) e Pra Frente Brasil (1982).
A proposta de resgatar o modo convencional de projeção, que nos cinemas vem sendo substituído pelo suporte e pela transmissão digital, é a de possibilitar ao público a melhor experiência de filmagem e exibição já desenvolvida. A exibição acontece com apoio da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – Cinemateca MAM.
O formato é, ainda hoje, um dos preferidos de muitos diretores para a produção dos seus filmes. Mesmo com o avanço da tecnologia digital, o filme de 35 mm continua sendo referência no cinema do mundo inteiro, tanto na filmagem quanto na projeção. É também ainda muito utilizado para captação de imagem na publicidade, videoclipes e na produção de séries para a televisão.
O projecionista do Cine-Teatro Denoy de Oliveira, Leonardo Ramos, destaca que a exibição no formato analógico possui qualidade superior à digital. “Quando projetamos um filme de um arquivo digital, se chegarmos próximo à tela, podemos visualizar os pixels da gravação. Isso não acontece com os filmes em 35MM”, explicou.
“Se você comparar, por exemplo, com um cinema ao ar livre, por maior que seja a tela, você não vai ver essa distorção de imagem”, afirmou.
Leonardo apontou também que a profundidade registrada nos filmes digitais e nos 35MM é diferente. “Em uma projeção digital, esses detalhes somem, a imagem fica muito mais chapada”.
As cores também sofrem alterações nos diferentes formatos. Segundo Leonardo, no digital é preciso realizar muitas alterações nas cores durante a edição. “O digital é muito frio, a diferença é perceptível”.
Veja as datas de exibição dos filmes em 35MM:
A Classe Operária Vai ao Paraíso – 09/05/2020
Dirigido por Elio Petri (1971), com Gian Maria Volonte, Mariangela Melato, Salvo Randone. Itália, 125 min. 35MM
Operário-padrão de uma fábrica que adota a política de cotas de produção, Lulu Massa é adorado por seus superiores e detestado pelos colegas. Entregue aos sonhos de consumo da classe média, distante dos movimentos de sua classe, Lulu se acha o máximo, até que um acontecimento inesperado põe em xeque seu modo de ver o mundo. Palma de Ouro em Cannes (1972).
Debatedores: Nivaldo Santana, deputado estadual por rês mandatos e atual secretário de Relações Internacionais da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Rodrigo Gomes, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Mauá, o Imperador e o Rei – 06/06/2020
Dirigido por Sérgio Rezende (1999), com Paulo Betti, Malu Mader, Othon Bastos, Brasil, 135 min. 35MM
Pioneiro da industrialização, o Barão de Mauá (1813-89) foi antagonizado pelos ingleses, sempre prontos a desestabilizar potenciais concorrentes, e por D. Pedro II, incapaz de imaginar o Brasil como algo diferente de um fazendão movido pelo braço escravo. Venceu muitas batalhas, perdeu outras tantas, mas gravou o nome na história.
Debatedor: Sérgio Rezende, cineasta e roteirista. Além de Mauá, dirigiu dezenas de filmes como Zuzu Angel (2006) e Salve Geral (2009).
Casablanca – 11/07/2020
Dirigido por Michael Curtiz (1942), com Humphrey Bogarth, Ingrid Bergman, Paul Henried. EUA, 102 min. 35MM
Em Casablanca, Marrocos, Rick Blaine é dono de uma casa noturna frequentado por colaboracionistas franceses, oficiais do 3º Reich, refugiados políticos e ladrões. É lá que ele reencontra Ilsa Lund, que o deixara sem dar explicações após viverem um tórrido romance há dois anos em Paris. Ela está com o marido Victor Laszlo, líder da Resistência Checa procurado por toda a Europa pela Gestapo. Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro, em 1944.
Debatedora: Maria do Rosário Caetano, jornalista, especialista em cinema brasileiro e autora do blog Almanakito.
Corações e Mentes – 22/08/2020
Dirigido por Peter Davies (1974). EUA, 112 min. 35MM
O título saiu de uma frase do presidente Lyndon Johnson (1963-69): “A vitória da América dependerá dos corações e mentes das pessoas que moram no Vietnã”. Davies seguiu esse roteiro, foi ouvir a população vietnamita e ouviu também ex-combatentes americanos, obtendo resultado valioso para desintoxicar corações e mentes de moradores dos EUA dos males do hegemonismo e do racismo que assolam o país. Oscar de Melhor Documentário (1975).
Debatedor: Sérgio Muniz, cineasta, participou como montador e diretor de inúmeros documentários da Caravana Farkas. Representante da Fundación del Nuevo Cine Latino-americano (FNCL).
Pra Frente Brasil – 03/10/2020
Dirigido por Roberto Farias (1982), com Reginaldo Farias, Natália do Valle, Antônio Fagundes, Carlos Zara. Brasil, 105 min. 35MM
Após ser confundido com um ativista político, um comedido cidadão da classe média é preso e torturado por agentes da repressão durante a euforia do “milagre econômico” e da Copa do Mundo de 1970. Melhor Filme no Festival de Gramado (1983), Melhor Diretor no Festival de Berlim (1984).
Debatedor: Carlos Lopes, Diretor de Redação da Hora do Povo, autor de “Os crimes do cartel do bilhão contra o Brasil – O esquema que assaltou a Petrobrás”.
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