Diretores foram indicados por Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima ainda no governo Dilma
Michel Temer afastou quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal ligados a Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, suspeitos de cometer ilícitos contra o patrimônio público. A decisão só foi tomada depois de muita pressão, já que Temer tinha decido mantê-los no cargo apesar da recomendação pelo afastamento feita na semana passada pelo Ministério público Federal. Foi só quando o Banco Central cobrou, nesta terça-feira (16) a saída é que Temer foi obrigado a voltar à trás.
Investigação independente conduzida por um escritório de advocacia encontrou indícios de que um dos vice-presidentes da Caixa, Roberto Derziê Sant’Anna, teria fornecido informações sobre operações em trâmite do banco ao presidente Michel Temer e ao ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco ou atendido a pedidos dos dois. Recentemente Carlos Marun, Ministro da Articulação Política de Temer, anunciou que só seriam liberados financiamentos a estados e municípios que garantissem votos para a reforma da Previdência. A apuração interna foi remetida ao Comitê Independente da Caixa. O documento também foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF).
Os diretores Antônio Carlos Ferreira, vice-presidente corporativo, Deusdina dos Reis Pereira, vice-presidente de fundos de Governo e Loterias, Roberto Derziê de Santana, vice-presidente de Governo e José Henrique Marques da Cruz, vice-presidente de Clientes, Negócios e Transformação, ocupavam os cargos desde o governo Dilma, juntamente com Fábio Cleto, indicado de Eduardo Cunha, quando este ainda era aliado da petista, e que assinou acordo de colaboração premiada com a justiça.
Embora na nota o Planalto inicialmente tenha informado que os vice-presidentes estavam afastados por apenas 15 dias, o texto do decreto do presidente Michel Temer, divulgado na noite de terça-feira pela Secretaria de Comunicação, não estipula um período para o afastamento. Cobrado sobre o assunto, o governo afirmou que eles ficarão afastados até o final das investigações.
“[Roberto Derziê Sant’Anna] afirmou que nunca presenciou a realização de irregularidades por Geddel Vieira Lima, por Moreira Franco ou por Fábio Cleto. Contudo, foram encontrados documentos que podem indicar, pelo menos, o atendimento de pedidos ou o fornecimento de informações de operações em trâmite na CEF, por parte de Roberto Derziê de Sant’Anna, a Moreira Franco e a Michel Temer”, diz o relatório da investigação. “A Investigação pôde atestar que a relação próxima entre membros da alta administração da CEF e os grupos políticos que lhes dão sustentação acarreta grave risco à CEF”, diz o relatório.
O vice-presidente da Caixa afirmou que o apelido “cabeça branca” se referia a Moreira Franco. Mas, segundo o documento, Sant’Anna havia negado à Corregedoria da Caixa que tal apelido se referia ao ministro. “Ao contrário do que afirmou em seu depoimento à Corregedoria da CEF, ao ser questionado acerca de e-mails mencionando “cabeça branca” e “CB”, Roberto Derziê de Sant’Anna prontamente confirmou que se tratava de Moreira Franco”, diz o relatório.
Além disso, a investigação aponta uma relação de “proximidade” entre Derziê e Moreira e afirma que por vezes o vice-presidente da Caixa recebeu pedidos do ministro, inclusive sobre o fornecimento de informações acerca de operações em trâmite no banco. Em outro trecho, Derziê Sant’Anna afirma que, apesar de não considerar o seu cargo como um cargo político ou do PMDB, ele conhece, além de Moreira Franco e de Michel Temer, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil).