A ex-analista de inteligência do Exército dos Estados Unidos, Chelsea Manning, presa por se recusar a depor e mentir contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi hospitalizada com urgência nesta quarta-feira (11) após tentar se suicidar na prisão de Alexandria (Virgínia). Esta é a terceira vez que Manning, encarcerada e submetida aos mais perversos e desumanos tratamentos, tenta o suicídio.
“Na quarta-feira, 11 de março de 2020, Chelsea Manning tentou pôr fim à sua própria vida. Foi levada a um hospital e atualmente está se recuperando”, informou sua equipe de advogados, frisando que “suas ações evidenciam a força de suas convicções, bem como os danos profundos que ela continua sofrendo como resultado de seu confinamento”.
Havia a previsão de que Manning comparecesse nesta sexta-feira diante de um juiz que deveria decidir sobre o levantamento ou não das sanções por desacato impostas a ela após ter se negado a testemunhar ante um júri que investiga a publicação de suas revelações de 2010.
A perseguição central é movida a Assange e foi desatada após a publicação de um vídeo no WikiLeaks em 2010, em que soldados norte-americanos excutam civis desarmados em Bagdá, a partir de um helicóptero. Entre os civis assassinados, um motorista e um fotógrafo da Reuters. A animosidade contra o jornalista levou Hillary Clinton, quando era secretária de Estado de Obama, a sugerir em uma reunião de trabalho: “Não podemos jogar um drone em cima dele?”
“Apesar dessas sanções, que incluíram até agora mais de um ano do chamado encarceramento ‘coercitivo’ e quase meio milhão de dólares em ameaças de multas, ela se mantém firme em sua decisão de não participar do processo secreto do grande jurado, que considera muito suscetível de abusos. A senhora Manning declarou previamente que não irá trair os seus princípios, inclusive sob o risco de graves danos para ela mesma”, explicaram seus advogados.
MULTAS JÁ ESTÃO EM 256 MIL DÓLARES
O juiz condenou Manning a pagar uma multa de 500 dólares diários caso não cumpra a ordem judicial dentro dos 30 dias do prazo e 1.000 diários depois dos 60 dias.
Presa há mais de um ano, informa o site releasechelsea.com, por se negar a testemunhar contra Julian Assange, ela acumulou até esta quinta-feira (12) multas de 256 mil dólares.
Após a prisão de Assange, em abril do ano passado em Londres, o governo dos Estados Unidos comunicou que havia sido vítima de uma conspiração – provocada por Manning – em virtude da publicação de documentos militares sobre as guerras promovidas pelos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Chelsea, antes conhecida como Bradley Manning, cumpriu sete dos 35 anos da condenação que recebeu por ter repassado as informações a WikiLeaks, antes de sua libertação em maio de 2017.
A sentença de Manning havia sido reduzida pelo ex-presidente Barack Obama (2009-2017) no começo de janeiro de 2017, durante seus últimos dias no cargo.