O aumento do número de casos confirmados de coronavírus no Brasil é motivo de preocupação. Segundo o Ministério da Saúde, 98 casos com diagnóstico positivo foram detectados e 1.485 pessoas estão com suspeita da doença. Estados informaram outros nove casos após a divulgação do boletim federal.
De acordo com o Ministério da Saúde, a grande maioria dos pacientes (49%) tem menos de 40 anos. Outros 15% estão com mais de 60 e, portanto, fazem parte do grupo de risco. Do total de infectados, 12 estão hospitalizados.
Nesta sexta-feira, também ficou confirmada a transmissão comunitária, quando já não é possível identificar a trajetória da infecção, em São Paulo e no Rio.
O Amazonas confirmou o primeiro caso da doença. Trata-se também da primeira infecção na região da Amazônia Legal.
Com a propagação do Vírus, Rio e São Paulo já adotam medidas para conter a disseminação do coronavírus.
Em São Paulo, as aulas nas escolas da rede pública municipal e estadual serão suspensas gradualmente a partir do dia 16 até o próximo dia 23, quando a paralisação será total nas unidades de ensino, segundo informaram as Secretarias Municipal e Estadual de Educação, na tarde desta sexta-feira.
O governo do estado recomendou que a medida também seja adotada por todas as escolas particulares.
O governador João Doria informou que estão suspensos eventos esportivos, musicais, de lazer ou de outra natureza para públicos superior a 500 pessoas. “Nossa posição é clara. A recomendação é que nenhum evento com mais de 500 pessoas seja realizado. Qualquer evento e de qualquer natureza. Até 500 pessoas não há restrições, acima há”, afirmou o Governador.
Na próxima segunda-feira, 16, Doria disse que as famílias passarão a receber orientações de como proceder. Segundo ele, as famílias que optarem em não mandarem seus filhos para as escolas, já na próxima semana, podem ficar tranquilas que eles não serão penalizados pelas faltas.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, frisou que não é para os estudantes deixarem de ir às aulas para ficar próximos de idosos, que é o grupo de maior risco com o contágio do coronavírus.
O secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, informou que a suspensão será feita de forma gradual justamente para as famílias se organizem para manter idosos e jovens afastados. “Não adianta suspender as aulas e as crianças estarem com a avó e com o avô que são o público que mais preocupa”.
Soares explicou que a decisão de suspender as aulas veio depois de confirmada a primeira transmissão comunitária do vírus no estado. “A mudança para a transmissão sustentada altera a conduta porque os jovens têm característica assintomática, o que pode aumentar a transmissão”. Quando a transmissão é comunitária, já não é mais possível saber sua origem. Na prática, quer dizer que brasileiros estão passando o vírus para brasileiros que não necessariamente viajaram para fora do país.
A orientação para as universidades públicas, no entanto, é para que suspendam as aulas já nesta segunda-feira.
RIO DE JANEIRO
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, decretou a suspensão das aulas das redes pública e privada e o fechamento de teatros, cinemas e casas de show por 15 dias, a partir desta sexta-feira. As determinações foram publicadas em uma edição extraordinária do Diário Oficial.
Também foram suspensas as seguintes atividades: visitas a pacientes internados com Covid-2019, seja na rede pública de saúde, seja na privada; visitas (inclusive íntimas) na unidades prisionais; e transporte de detentos para a realização de audiências.
Wilson Witzel disse que a PM poderá até interditar as praias para evitar aglomerações:
“Nós não permitiremos aglomeração na praia. O momento é de ficar em casa para que possa ser controlada a epidemia”, disse o governador.
O secretário de Saúde, Edmar Santos, também comentou a possibilidade de restringir o acesso à praia: “Punições são possíveis, mas por enquanto ainda se conta com a boa vontade coletiva”, e acrescentou: “Como a gente vive em um estado democrático de direito, eu espero que o cidadão faça o papel de cidadão e que não vá à praia”.
Ainda de acordo com Witzel, as repartições públicas do Estado sofrerão uma redução de atendimento ao público “para evitar aglomeração”.
Entre as decisões publicadas na edição extraordinária do Diário Oficial, também consta um contingenciamento de R$ 3 bilhões no orçamento do estado em virtude da queda do preço do barril do petróleo. O governador resolveu preservar, porém, o orçamento da Secretaria de Saúde, privilegiando “os programas de trabalho relacionados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional”, segundo o decreto.
MINAS GERAIS
A Secretaria de Saúde de Minas Gerais decretou hoje (13) situação de emergência no estado em função da epidemia do novo coronavírus (Covid-19). A medida vai possibilitar a compra mais rápida de medicamentos e materiais hospitalares, além da contratação de profissionais da área por meio da dispensa de licitação.
O decreto do governador Zema afirma que poderão ser adotadas as seguintes medidas contra a disseminação do coronavírus: determinação de realização compulsória de exames médicos, testes laboratoriais, coletas de amostras clínicas, vacinação e outras medidas profiláticas. Em relação aos bens, o decreto afirma que, nesta hipótese, será garantido o “pagamento posterior de indenização justa”.
Questionada sobre o uso de força policial ou acionamento da Justiça em casos de recusa na realização de exames, a Secretaria da Saúde informou apenas que “exames médicos, testes laboratoriais compulsórios, coletas de amostras clínicas serão aplicados nos casos em que a pessoa, que apresenta os sintomas compatíveis com o coronavírus, se recusar a fazer os exames, podendo sofrer sanções legais”.
Minas Gerais foi um dos primeiros estados a ter um caso suspeito de coronavírus. Em 24 de janeiro, uma jovem de 22 anos chegou ao Brasil vinda de Wuhan, na China, onde foram registrados os primeiros contágios. No dia 27, a jovem procurou atendimento médico, informou o que estava sentido e foi colocada em isolamento no Hospital Eduardo de Menezes, referência para doenças infectocontagiosas. O caso foi descartado após exames.
Até o momento, segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde, foram notificados 313 casos. Do total, dois foram confirmados, 22 foram descartados e 289 estão sendo investigados.
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