Após o pânico na quinta-feira (12) que derrubou a Bolsa de Valores em quase 15%, a Bovespa encerrou o dia com uma alta de 13,91%, aos 82.677,91 pontos. O dólar à vista, que inciou a sexta-feira (13) em forte queda, terminou o dia cotado a R$ 4,81, uma valorização de 0,57%.
No acumulado da semana, a Bovespa registrou o pior desempenho semanal desde outubro de 2008, ano da maior crise financeira mundial, desencadeada pelo pedido de falência do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos.
Somado à crise econômica que vinha atingindo as principais economias mundiais – no dia 20 de janeiro, o Fundo Monetário Internacional reduziu sua projeção de crescimento da economia mundial de 3,4% para 3,3% – o coronavírus provocou um pânico sem precedentes nas bolsas em todo o mundo.
No Brasil, a queda foi ainda maior. O dobro em relação às principais bolsas do mundo.
Na semana anterior ao debacle da Bolsa, o IBGE anunciava o fraco desempenho da economia no primeiro ano do governo Bolsonaro: uma alta de apenas 1,1%, resultado menor do que o do ano anterior (1,3% em 2018).
Só este ano, até o início de março, os estrangeiros sacaram da Bolsa, R$ 44 bilhões, mais do que os R$ 44,5 bilhões retirados em todo o ano passado. Em 2019, fugiram do Brasil US$ 44,7 bilhões.
E neste cenário, não existia a ameça do coronavírus e sim um país na UTI, vítima de uma política que levou o Brasil as maiores taxas de desemprego, de informalidade recorde, de quedas na produção, nas vendas e no setor de serviços, com os preços da carne e dos combustíveis nas alturas.
A sexta (13) encerrou com uma recuperação das principais bolsas mundiais. Alguns governos anunciaram medidas para enfrentar a pandemia do coronavírus, com a imediata liberação de recursos públicos para proteger seus cidadãos, assim como medidas para proteger a economia dos efeitos da crise.
No Brasil, o ministro Paulo Guedes, primeiro encaminhou um ofício ao Congresso com suas contrarreformas, que não tinha nada de novo, a não ser o pedido para acelerar a aprovação delas, que na prática significam mais cortes, mais arrocho e desemprego.
Depois tentou culpar o Congresso Nacional pelo coronavírus. Mais uma vez, chantageando os parlamentares: vocês aprovam as reformas que eu libero os recursos. Chegou a defender, numa atitude criminosa, a venda de Eletrobrás, ” se vender a Eletrobrás, vai ter recursos”. Quer aproveitar a situação de queda generalizada nas bolsas e dólar batendo a casa de R$ 5,00 para entregar a estrangeiros uma das mais importantes estatais brasileiras. E a merreca arrecadada não iria para a Saúde, para combater coronavírus nenhum, e sim para pagar a dívida pública
Por último, Guedes prometeu, na sexta-feira, apresentar medidas contra o coronavírus em 48 horas!
As “reformas” alardeadas por ele, a exemplo do que aconteceu com a da Previdência, não tirou o país da crise, não gerou os milhões de empregos prometidos e não reduziu a dívida pública.
Com disse a economista Monica de Bolle, pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics (PIIE), em entrevista à Agência Pública: “Não temos precedentes para isso na história das crises recentes. Não temos como comparar isso que está acontecendo com o cenário, por exemplo, de 2008. São crises de natureza muito diferentes. Em 2008, foi uma crise de natureza financeira. Uma crise causada por uma epidemia, ou seja, quando você junta uma crise econômica com uma crise de saúde é algo inédito”.
Para enfrentar a crise, assim como Monica de Bolle, outros economistas que estão inclusive no mesmo campo neoliberal a que ela pertence, defendem medidas de curto prazo, como investimentos públicos em infraestrutura por meio do BNDES e a revisão do teto de gasto.