O Interferon Alfa-2B humano recombinante – adotado pela China e pela OMS para tratamento de pacientes do Covid-19 – foi desenvolvido por Cuba a partir da descoberta feita pelo Instituto Nacional de Saúde de Helsinque, Finlândia. (Assista a entrevista com o pesquisador Guillén no vídeo abaixo)
O canal Cubavisión Internacional entrevistou o doutor Gerardo Guillén Nieto, diretor de Pesquisas Biomédicas do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB) em que pesquisador relata como Cuba desenvolveu o fármaco Interferon Alfa 2B há quatro décadas, a partir da descoberta da equipe liderada pelo professor finlandês Kari Kantel. Guillén explica em detalhes como funciona e quais os tipos de Interferon e porque a Organização Mundial de Saúde recomenda o Alfa 2B humano Recombinante para o tratamento do coronavírus Covid-19.
Embora ainda não exista no mundo uma vacina para o Covid-19, a indústria farmacêutica de Cuba produz fármacos já experimentados e com alta eficácia como o Interferon Alfa 2B Humano Recombinante, que é parte do protocolo para atender pacientes com essa doença. O medicamento está sendo usado para tratar pessoas infectadas na China. De acordo com o jornal Granma, o remédio já foi responsável pela cura de mais de 1.500 pessoas.
Gerardo Guillén explicou que o medicamento foi desenvolvido inicialmente para outros tratamentos e que sua eficiência está comprovada. “Interferon Alfa 2-B é uma proteína que faz parte do sistema imunológico humano e a sua função é interferir especificamente em infecção viral. Atua tanto impedindo a replicação viral, quanto aumentando a capacidade imunológica inata dos pacientes e ressalta que sua ação ocorre “não só nessa epidemia como em outras”.
“Cuba inseriu-se muito cedo no desenvolvimento biotecnológico do mundo. No início da década de 1980, graças à visão de nosso então comandante Fidel Castro e sua preocupação com a saúde do povo, o Interferon foi precisamente o modelo de desenvolvimento da biotecnologia cubana”, assinala o doutor Guillén.
Relata que Fidel interessou-se sobre os novos medicamentos para a cura do câncer e “na época, o tratamento mais promissor era desenvolvido em um laboratório do Instituto Nacional de Saúde de Helsinque, na Finlândia, pelo professor Kari Kantel. Fidel comunicou-se com o professor para que especialistas cubanos fossem aprender o processo de obtenção do interferon, e 6 pesquisadores foram enviados para lá. Em tempo recorde
incorporou-se aqui esta metodologia e, em paralelo, se organizou a Casa de Protocolo para a produção do medicamento”.
“Foi utilizado contra a epidemia da dengue hemorrágica que acontecia então, em 1981, e depois em outras doenças”, detalha o médico.
O medicamento é um dos escolhidos pela Comissão Nacional de Saúde chinesa para ser usado no país para tratamento de pacientes do coronavírus. O presidente de Cuba, Miguel Díaz Canel, comemorou em seu perfil no Twitter a parceria com a China. O medicamento tem sido produzido na fábrica sino-cubana ChangHeber, na China.
O presidente da China, Xi Jinping, agradeceu ao governo cubano por seu apoio, em recente telefonema ao presidente cubano Miguel Díaz-Canel. “China e Cuba são bons amigos, camaradas e irmãos que podem confiar um no outro em momentos de dificuldade – disse ele. Os líderes renovaram o compromisso de oferecer ajuda e assistência mútua “sempre que possível”. Díaz-Canel reiterou o apoio e a solidariedade de Cuba com o povo chinês. Embora tenha assinalado que a ajuda que seu país pode oferecer é modesta, ele enfatizou a “vocação de solidariedade” dos cubanos.
Assista a entrevista abaixo (em espanhol)