João Vicente Goulart, filho de Jango, o saudoso presidente derrubado pelo golpe de 1964, encontrou-se esta semana, depois de muitos anos, com um antigo companheiro de luta contra as ditaduras, tanto a do Brasil quanto a do Uruguai. “Encontrei Nacho Grieco, meu grande amigo, figura e personagem de meu livro “Jango e eu, memórias de um exílio sem volta”, quando nos idos e duros dias de resistência ao arbítrio e a prepotência das ditaduras, sonhávamos como estudantes libertar a América Latina”, disse ele, no site do Instituto João Goulart.
“Falamos depois de quarenta e cinco anos, das mesmas coisas e das mesmas lutas. Após o golpe no Uruguai e a perseguição a que fomos submetidos, ele também migrou em 1978 para trabalhar em Cancun no México fugindo da opressão do regime uruguaio e lá trabalhou como fotógrafo”, explicou João Vicente, que é dirigente político, escritor e pré-candidato a presidente da República pelo Partido Pátria Livre (PPL).
João vicente contou que Nacho “cobriu vários eventos, inclusive uma visita de Fidel aquele país, mas teve que retornar ao seu país por motivos de força maior e sabia que seria detido, revisado, interrogado sobre sua atividade no México, pelo que, deixou seus rolos de filmes daquele evento com um amigo no México, pois as fotos de Fidel podiam comprometê-lo, mesmo sendo fotógrafo. Ditaduras não vacilam e não permitem liberdade de opinião ou profissão quando se trata de seus adversários”, lembrou.
João Vicente disse que Nacho foi companheiro de prisão no Uruguai. “Caminhante pelo mundo como eu, navegante do destino como os cardumes de gente que lutaram e se perderam pelos ventos e oceanos deste imenso diagnóstico que se chama justiça social, nos encontramos novamente lá em Maldonado, em sua casa, e mate após mate, vimos que continuamos os mesmos, sonhadores e garimpeiros de lutas constantes, longínquas e prolongadas, mas jamais abandonadas”, lembrou.