Através de vídeoconferência, realizada no domingo (22), Jair Bolsonaro e Gustavo Montezano, atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), anunciaram uma “injeção” de R$ 55 bilhões de recursos no combate aos efeitos da pandemia do coronavírus na economia.
Segundo o BNDES, R$ 20 bilhões seriam recursos do Fundo PIS-PASEP para o FGTS; R$ 19 bilhões referentes à suspensão temporária de pagamentos de parcelas de financiamentos diretos para empresas e R$ 11 bilhões de financiamentos indiretos do banco. Apenas 5 bilhões seriam destinados ao crédito para micro, pequenas e médias empresas.
Resumindo, seriam R$ 20 bilhões do trabalhador, R$ 30 bilhões para renegociação de dívidas e apenas R$ 5 bilhões para as empresas.
“De linhas novas, está-se falando em R$ 5 bilhões. O resto é refinanciamento, isto é, as parcelas e juros são jogadas pra frente e acumuladas no saldo devedor”, disse Felipe Salto, diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado. “O banco precisa ser mais agressivo na sua atuação, que não condiz com o quadro de crise mundial”.
Mais uma vez, nada de novo. As reservas do PIS/Pasep são recursos retidos da renda dos trabalhadores e têm uma parte destinados ao BNDES. É uma das fontes de dinheiro que mantém as operações de crédito do banco. Com esta decisão, o banco está devolvendo R$ 20 bilhões desses valores.
Bolsonaro também participou da transmissão online do anúncio de medidas do BNDES e afirmou que o objetivo do governo é preservar empregos em meio à crise global causada pelo Covid-19. “Tenho certeza que essas medidas suas (do BNDES) virão no sentido em especial na manutenção de empregos, que é uma coisa extremamente importante… Vamos vencer essa crise do coronavírus com a manutenção de empregos, porque a vida continua”, disse encerrando a coletiva.
No mesmo domingo, já bem tarde da noite, Bolsonaro publicou uma medida provisória suspendendo contrato de trabalho e salários por quatro meses.
A reação contra a medida insana foi imediata e repercutiu durante todo a segunda-feira através de vários setores, entre centrais sindicais, especialistas, políticos e economistas, levando Bolsonaro a revogar o artigo 18 da MP que lançava no abandono milhões de trabalhadores brasileiros em meio à grave pandemia.