Com a revogação por Israel dos acordos de Oslo tendo chegado à fase de anexação aberta de Jerusalém e de apartheid indisfarçado sob apoio do governo Trump, o Comitê Central da Organização pela Libertação da Palestina (OLP) decidiu na segunda-feira (15) que não mais se considera sob tal acordo e convocou a comunidade internacional a “assumir as suas responsabilidades com base nas resoluções relevantes da ONU para acabar com a ocupação e permitir que o Estado da Palestina alcance sua independência e exerça sua plena soberania sobre seu território, incluindo sua capital Jerusalém Leste, nas fronteiras de 4 de junho de 1967”.
Conseqüência das intifadas e da perplexidade trazida a Israel pelos avanços árabes na Guerra do Yom Kippur e pelos Scud iraquianos, os acordos de Oslo significaram o primeiro reconhecimento internacional do Estado Palestino e para sabotá-los os elementos mais apodrecidos do sionismo precisaram emboscar e matar em praça pública o líder israelense que os assinara, Rabin. Também a reconciliação sul-africana com Mandela, entre africâneres e negros, havia sido um fator de impulsionamento do acordo.
De Sharon até Netaniahu o apartheid foi se tornando a face evidente de Israel, com os acordos de Oslo tornados uma casca vazia, até o passo dado por Trump, acabando com qualquer veleidade norte-americana de “mediação”.
A OLP reiterou a decisão de revogar o reconhecimento de Israel até que reconheça o Estado da Palestina nas fronteiras de 1967, reverta a decisão de anexar Jerusalém Leste e de expandir os assentamentos, e reconheça o direito de retorno dos palestinos. A OLP ressaltou que aquilo que Israel está tentando impor como alternativa ao estabelecimento de um Estado independente palestino é o apartheid.
A OLP reafirmou a decisão de pôr termo em todas as suas formas à coordenação de segurança com Israel e de se afastar da dependência econômica consagrada no Acordo Econômico de Paris, em busca de uma economia nacional independente.
A organização maior dos palestinos também reiterou a determinação pela libertação e convocou seu povo a resistir por todos os meios possíveis, rejeitando soluções provisórias, como fronteiras temporárias. Também rechaçou o reconhecimento de Israel como um estado judeu.
A reunião convocou os países árabes (Liga Árabe), os países islâmicos (OIC) e os Não-Alinhados a apoiarem a realização de uma conferência internacional com plenos poderes para iniciar o processo de paz em coordenação com os países da União Europeia, Rússia, China e Japão, com base nas resoluções internacionais relevantes, de forma a garantir o fim da ocupação israelense e a plenitude do Estado palestino nas fronteiras de 1967, dentro de um prazo determinado.
A OLP também resolveu levar ao Tribunal Penal Internacional denúncias sobre os assentamentos, prisioneiros nos cárceres israelenses, execuções deliberadas e agressão a Gaza. Conclamou todos os países a rechaçarem os assentamentos e manifestou seu apoio ao movimento BDS. Reafirmou ainda o chamamento à unidade de todas as facções palestinas. Saudou os prisioneiros nas masmorras de Netaniahu e aqueles que se levantaram contra a provocação de Trump. Condenou ainda, a prisão e intimidação de crianças, inclusive Ahed Tamimi, que “que se tornou símbolo da altivez palestina diante da ocupação”.