38 milhões estão na informalidade, diz IBGE
O desemprego no país cresceu no trimestre encerrado em fevereiro, período ainda antecedente à crise causada pela pandemia do coronavírus. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad-Contínua) divulgada nesta manhã (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação do período subiu para 11,6%, atingindo 12,3 milhões de pessoas.
O dado é preocupante, pois aponta para a quantidade de trabalhadores que estão enfrentando esse período sem qualquer tipo de amparo e renda. O mesmo vale para os trabalhadores informais, cuja taxa atingiu 40,6% da força de trabalho calculada pelo IBGE no trimestre. Isso significa que um total de 38 milhões de pessoas que sobrevivem de bicos, vendendo comida na rua ou trabalhando nos aplicativos, viram suas condições de ganha pão ruírem sem nenhum apoio.
A pesquisa ainda deu conta de que o total de pessoas fora da força de trabalho bateu recorde no trimestre encerrado em fevereiro, chegando a 65,9 milhões – patamar mais alto desde 2012. Nesse grupo estão pessoas que não procuraram trabalho nos 30 dias antecedentes à pesquisa, mas que também não se enquadram no desalento (pessoas que desistiram de procurar). Neste último caso, os desalentados somam 4,7 milhões. Já a população subutilizada (trabalham menos ou horas insuficientes) foi calculada a taxa de 23,5%, ou a soma de 26,8 milhões de pessoas.
Ajuda não vem
Através desses dados, é possível ter um panorama mais claro da quantidade de trabalhadores que continuam desassitidos pelo governo. A paralisação das atividades e medidas de isolamento social provocaram reações em governos de todo o mundo, que desembolsaram, em alguns casos, o equivalente a 20% de deus PIBs (Produto Interno Bruto) para enfrentamento da crise, apoio ao setor produtivo e para garantia de renda dos trabalhadores.
Já o governo de Jair Bolsonaro propôs como medida a transferência de R$ 200 mensais para trabalhadores informais e chegou a apresentar uma Medida Provisória (MP) que permitia a suspensão dos contratos de trabalho de trabalhadores formais por 3 meses, sem nenhuma compensação, para livrar as empresas dos encargos com salários. A MP foi repudiada e o governo foi abrigado a voltar atrás; no caso do “coronavaucher”, por iniciativa do Congresso Nacional o valor foi ampliado para R$ 600 mensais – que agora aguarda sanção presidencial, enquanto milhões já passam fome.
PRISCILA CASALE