O senador José Serra (PSDB-SP) afirmou que “é irresponsabilidade” de Bolsonaro chamar o coronavírus de “gripezinha” e promover aglomerações nas ruas para incentivar a exposição da população ao vírus.
No domingo (29), Bolsonaro fez um passeio no comércio do Distrito Federal, falando depois que pode acabar com a quarentena.
“É um comportamento inusitado para um homem público, quem dirá um chefe de Estado, o do presidente”, disse Serra.
José Serra foi ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso de 1998 a 2002.
Serra avaliou que os governadores dos estados “no atacado, parecem estar trabalhando bem”.
Ele elogiou o trabalho do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Ele está na linha correta, fazendo o que qualquer ministro da Saúde faria. O Bolsonaro precisa deixá-lo trabalhar”, afirmou o senador em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo.
O senador defende que o governo faça emissão de dívida para sustentar as medidas na área de saúde de forma continuada. “Nessa crise, tempo é dinheiro”, disse.
“Tenhamos claro que o governo terá de se financiar no mercado para bancar as ações de combate à Covid-19”, declarou.
Para Serra, não falta dinheiro no Brasil para aplicar contra a crise de forma imediata, e sim coordenação no governo federal. “Recurso tem”, afirmou.
Também não há nada no campo jurídico que impeça o governo de agir. E citou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) flexibilizando temporariamente os limites de gastos dentro dos parâmetros da Lei de Responsabilidade Fiscal e a aprovação, pelo Congresso, do decreto de estado de calamidade – que ele mesmo havia proposto antes de o governo enviar o dele.
“É muito mais grave agora”, afirmou, referindo-se à explosão da epidemia de dengue no país quando assumiu o Ministério da Saúde.