Os dois artigos abaixo, do advogado e suplente de senador Christopher Goulart, neto de João Goulart, foram publicados, respectivamente, nos jornais Correio do Povo e Zero Hora, ambos de Porto Alegre. Expressam um lúcido e justo juízo sobre o julgamento de Lula, que ocorrerá no próximo dia 24 de janeiro naquela capital, e sobre a campanha, que tem o único objetivo de nublar a visão da verdade, desencadeada por setores do PT e outros satélites lulistas.
Defesa da Democracia não é defesa de Lula
CHRISTOPHER GOULART
Participei alguns dias atrás do programa “Esfera Pública”, na Rádio Guaíba, com o grande Juremir Machado e Taline Oppitz na sua condução. O debate tratou sobre o julgamento do ex-presidente Lula do dia 24, bem como a alusão de que “defender Lula é defender a Democracia e o Estado Democrático de Direito”, narrativa que parte da resolução do Diretório. Nacional do PT, de 16 de dezembro de 2017. Permitam-se aqui discordar democraticamente com essa versão, desconsideradas as mentes sectárias que só aceitam a opinião que lhes interessa.
Para ingressar no assunto, buscando o exemplo conexo da Lei da ficha limpa, uma iniciativa popular, que mobilizou o Brasil inteiro na intenção de não permitir a eleição de candidatos que, entre outras razões, forem condenados por decisão de órgão colegiado (com mais de um juiz), mesmo que ainda exista a possibilidade de recurso. Preciso recordar que o PT apoiou tal Legislação quando a mesma tramitou no Congresso Nacional, e o mesmo Lula, na condição de Presidente, sancionou a Lei. Depois de divergências de integrantes do STF, em fevereiro de 2012 a Suprema Corte considerou a Lei constitucional e válida para as eleições.
No caso de Lula restar condenado no dia 24 estará inscrito na Ficha Limpa, porém, o PT irá questionar em agosto, se o Tribunal Superior Eleitoral negar o registro. Então, cabe a pergunta: a democracia que se quer defender é a democracia que não respeita as Leis, ou será aquela em que quando não concordamos “vai ter que matar gente”? Um partido popular não deveria respeitar Leis de clamor popular?
Reafirmo aqui meu total compromisso com a democracia, com as causas populares. Sou um ardoroso trabalhista de raiz, seguindo a risca os compromissos do campo progressista. Deixo aqui apenas uma reflexão sobre essa “nova modalidade de defesa da democracia”, com a qual não concordo, que não aceita o diálogo, não busca compreender as razões de quem não concorda e busca tão somente uma narrativa tendenciosamente uníssona.
No dia 24, não estarei nas ruas defendendo Lula
CHRISTOPHER GOULART
Atenção ao importante julgamento a ser proferido pelo Tribunal Regional Federal, considerando a incerteza de admissibilidade da candidatura à Presidência da República de um réu em processo penal. Diga-se, o ex-presidente Lula é réu em seis processos, até a presente data. O caso em debate trata apenas sobre o já famoso “triplex do Guarujá”.
Desde já, expresso a minha posição pessoal: não estarei nas ruas defendendo Lula no dia 24 de janeiro, pois não vislumbro na anunciada militância de rua a defesa do Estado democrático de direito.
Entendo que a demonstração sectária de alguns cidadãos, isto sim, segue na contramão da compreensão de harmonia necessária entre todos os poderes institucionais da República, incluindo obviamente o Poder Judiciário.
Tenho percebido, na prática, o quão distante está a condição de se autointitular “democrata” e agir verdadeiramente como tal.
Identificado com o campo político de centro-esquerda, penso que o exercício pleno da construção democrática exige necessariamente a intenção de atingir uma meta agregadora, considerando fundamentalmente o bem comum da sociedade. Caso contrário, voltamos ao sectarismo nocivo ao futuro do meu Brasil.
Sobre o argumento recorrente, quase na modalidade “palavra de ordem”, de que “não há provas para condenar Lula” (em apenas um de seis processos), aderindo a factoides para vociferar contra “o Judiciário parcial”, devo apontar o artigo 239 do Código de Processo Penal: “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”.
Sempre primando pela obrigação da lisura do processo, agride a inteligência imaginar que prováveis criminosos de colarinho branco, de tráfico de influência, da camaradagem nefasta entre políticos e empreiteiras não poderiam ser condenados mediante indícios escancarados, aos olhos de milhões de brasileiros. No dia 24, não estarei nas ruas!
“O estatismo necessita de guerras, um país livre, não.
O estatismo sobrevive saqueando, roubando, trocista, trapaça… um país livre dos crápulas gananciosos, ilusionistas covardes, sobrevive pela produção. ”
Democracia”___Quando o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado”.
(Dr. Albert Eisntein).
Com todo respeito ao Einstein, leitora, o problema aqui não é o Estado. Pelo contrário, o problema está nos ladrões que roubam o Estado. E, depois, para roubar ainda mais o Estado, se apresentam, descaradamente, como inocentes e vítimas.
Democracia no Brasil: confunde com anarquia.
Gestão com corrupção.
Liberdade com libertinagem.