Jair Bolsonaro voltou a receitar, na manhã da sexta-feira (3), que 70% da população brasileira seja infectada pelo coronavírus, segundo ele, para ganhar imunidade. Isto representa, pela melhor proporção de vítimas fatais (China), quase 6 milhões de mortos, e pela letalidade da Itália, 14,7 milhões de mortos.
Ele se arroga em dar palpites na área como se conhecesse mais de saúde do que os especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde, de todos os médicos e infectologistas do mundo.
Como disse o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que é médico de profissão, “ele não entende nada de medicina e quer dar muita opinião sobre o que não sabe”.
Voltou a atacar governadores, gerar pânico e histeria e defender o fim do recolhimento social e da quarentena.
“Esse vírus é igual a uma chuva. Vai molhar 70% de vocês. Isso ninguém contesta. Toda a nação vai ficar livre da pandemia depois que 70% for infectado e conseguir os anticorpos. Desses 70%, uma pequena parte, os idosos e quem têm problema de saúde, vai ter problema sério e vai passar por isso também”. Uma “pequena parte” dos idosos?
Com 210 milhões de habitantes, pela lógica bolsonarista, seriam cerca de 147 milhões de pessoas infectadas pelo vírus. A uma taxa otimista de mortalidade de 4%, igual a da China, seriam quase 6 milhões de mortes.
Na taxa de letalidade da Itália (10%) seriam 14,7 milhões de mortos.
Mas Bolsonaro não está nem aí para isso. Ele acha que essas mortes são necessárias. O que importa para ele é a “saúde” das finanças e da sua mesquinhez. Das pessoas, que se dane.
Ele voltou a insultar os governadores por tomarem medidas de prevenção em defesa da saúde da população de seus estados.
“O que estão fazendo [com o isolamento social] é adiar [a transmissão do Covid-19] para ter espaço nos hospitais. Mas tem um detalhe: a sociedade não aguenta ficar dois, três meses parada. Vai quebrar tudo”, afirmou Bolsonaro em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília.
Bolsonaro aterrorizou a população para sustentar sua idéia escabrosa de violar a quarentena no país. “Vocês sabem do meu posicionamento: não pode fechar dessa maneira, e atrás disso vem desemprego em massa, miséria, fome, vem violência”, disse Bolsonaro, ao ser interpelado por um simpatizante que se queixou das medidas do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que determinou o fechamento de comércios e a suspensão de aulas.
Bolsonaro advogou que na próxima segunda-feira (6) estados e municípios devem reabrir a atividade comercial.
Numa entrevista na quinta-feira (2), à rádio Jovem Pan, ele disse que já tem pronto em sua mesa um modelo de proposta para determinar que os estabelecimentos comerciais sejam considerados uma atividade essencial durante a pandemia do coronavírus.
“Eu tenho um projeto de decreto pronto na minha frente para ser assinado, se preciso for, considerando atividade essencial toda aquela exercida pelo homem e pela mulher através da qual seja indispensável para levar o pão para a casa todo dia”, disse.
“Para abrir comércio, eu posso abrir em uma canetada. Enquanto o Supremo e o Legislativo não suspenderem os efeitos do meu decreto, o comércio vai ser aberto. É assim que funciona, na base da lei”, disse.
Mas admitiu que não tem apoio para isso. Então visa um golpe à democracia para efetivar seus delírios.
“Eu estou esperando o povo pedir mais, porque o que eu tenho de base de apoio são alguns parlamentares. Tudo bem, não é maioria, mas tenho o povo do nosso lado. Eu só posso tomar certas decisões com o povo estando comigo”, afirmou.
E revelou que tem sofrido ameaças de afastamento para não assinar a medida contra o isolamento social sem dizer quem o estava ameaçando.
“Eu, como chefe de Estado, tenho de decidir. Se tiver que chegar a esse momento, eu vou assinar essa medida provisória. Agora, sei que tem ameaça de tudo o que é lugar para cima de mim se eu vier a assinar. Até de sanções tipo buscar um afastamento, sem qualquer amparo legal para isso”.
Hostilizou ainda o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “O Mandetta quer fazer valer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo, mas está faltando humildade para ele conduzir o Brasil neste momento”, disse.
O ministro respondeu: “foco na doença, vida que segue. Foco, lavoro (trabalho), lavoro, lavoro”. “Quem tem mandato fala, e quem não tem, como eu, trabalha”, declarou, dizendo ainda que não ia comentar o que Bolsonaro falou.
Ainda na entrevista à Jovem Pan, Jair Bolsonaro disse que gostaria de um dia de jejum religioso contra o coronavírus.
“Sou católico e minha esposa, evangélica. É um pedido dessas pessoas. Estou pedindo um dia de jejum para quem tem fé. Então, a gente vai, brevemente, com os pastores, padres e religiosos anunciar. Pedir um dia de jejum para todo o povo brasileiro, em nome, obviamente, de que o Brasil fique livre desse mal o mais rápido possível”.
Esse comportamento tem nome: NAZISTA – onde a falta de ética impera. É claro que a exposição de todos ao vírus terá como consequência a geração de anticorpos em maior parcela nos mais jovens e saudáveis – o restante morrerá. Dai o Brazil( com “Z”) ressurgirá rapidamente, em questão de meses ou até dias, com uma população protegida da epidemia( pelo menos até o próximo vírus) em grau de competitividade maior do que a maioria absoluta das nações, cujos lideres de forma ética preferiram exaurir todos os seus recursos econômicos a abandonarem a sua população.