O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, o infectologista David Uip, disse que se a quarentena não subir de 54% para 70%, São Paulo não terá leitos suficientes para atender a população.
“Se nós conseguirmos aumentar o distanciamento social, que estava em média de 54%, para 70%, o número de leitos no estado de São Paulo será suficiente para essa primeira onda epidêmica”.
“Se nós não aderirmos a essa proposta do estado, nós teremos mais dificuldade com leitos”, disse Uip.
O infectologista explica que a quarentena tem servido para atrasar o contágio da população, justamente para que os leitos para quem mais precisa estejam livres.
“Quanto mais pudermos abaixar essa linha de tendência, achatar a curva e distanciarmos os casos graves, melhor para o sistema, melhor para o número de leitos e melhor para o grupo de pessoas que trata desses pacientes. Nós entendemos que depende um pouco da adesão, e ela precisa ser um pouco melhor, das medidas de afastamento”.
David Uip foi um dos contaminados pelo coronavírus em São Paulo. Depois da quarentena, voltou a trabalhar presencialmente no Centro de Contingência na segunda-feira (6).
Segundo apontam as pesquisas, muitos contaminados não têm sintomas da doença, mas são transmissores do vírus; 20% dos casos têm sintomas e 5% precisam ir para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
“80% dos indivíduos não apresentarão sintomas ou os sintomas não são diferentes de processos virais de vias respiratórias, processos habituais. O grau de contagiosidade que o assintomático tem, se é igual, maior ou menor que o sintomático, estudos estão avançando”.
“Mas a gente precisa entender que às vezes aquele indivíduo que está na rua e não sente nada, ele pode ser um transmissor. Então a regra [da quarentena] vale para todos”, afirmou o infectologista.
O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), estendeu a quarentena no estado por mais quize dias. Uma nova avaliação deverá ser feita no dia 22 de abril.
Dória também anunciou, na terça-feira (7), que um hospital de campanha para tratar infectados pelo coronavírus será construído no complexo do Ibirapuera, na zona sul da capital paulista.
Em apenas 24 horas, dados divulgados na tarde de terça-feira (7), houve 114 mortes pelo coronavírus, um novo recorde registrado no período. O total de óbitos no país chegou a 667, segundo o Ministério da Saúde.
No total, até agora, são 13.717 casos oficiais confirmados de Covid-19 no país. O estado de São Paulo ainda lidera, com 5.682 diagnósticos positivos e 371 óbitos.