Em matéria publicada no jornal O Globo, a mãe de Sérgio Cabral, Magaly Cabral, criticou a forma como o filho foi transferido do Rio para Curitiba pela Polícia Federal. Ela alegou que o ex-governador não era bandido perigoso para sair algemado nas mãos e nos pés. “Ele não mandou matar ninguém de dentro da prisão”, diz ela.
Na última sexta-feira, 19, o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba com as mãos algemadas e os pés acorrentados.
Imediatamente algumas vozes se levantaram indignadas e em solidariedade à senhora Magaly. O presidente da OAB no Rio se sensibilizou com o desabafo de Magaly, e disse que quando ela fala que o filho não deve ser tratado como bicho, relembra que o estado não deveria ser agente de vingança ou ódio.
Uma médica, funcionária de um hospital público do Rio de Janeiro, Francinne Machado Ribeiro, não se conteve com as reações desses setores e desabafou: “seu filho não ‘cometeu erros’. Ele fez algo mais grave. Ele cometeu crimes”, disse ela.
Já o juiz Sérgio Moro pediu à PF para esclarecer os motivos de ter utilizado algemas nos pés e nas mãos de Sérgio Cabral durante a transferência dele do Rio para o Complexo Médico Penal do Paraná. O juiz federal recomendou que se observe a súmula vinculante 11 do STF, segundo a qual as algemas só devem ser usadas em casos de risco de fuga e de perigo à integridade do preso ou de terceiros.
Veja a íntegra da carta da médica em resposta à dona Magaly Cabral.
Dona Magaly Cabral,
Eu também sou mãe. E nas horas vagas sou médica. Trabalho em um hospital público. De uma universidade. Estadual. No Rio de Janeiro. Como tal, assisti, impotente, a uma enxurrada de solicitações de medicações essenciais para a vida de milhares de pessoas ser negada por falta de compra. Vi, aterrorizada, centenas de leitos serem fechados no HUPE por falta de repasse de verba. E tive, desesperada, que negar admissões e internações justamente por falta de leitos.
O que durante algum tempo parecia ocorrer pela crise financeira se mostrou uma farsa.
Descobri, perplexa, que o dinheiro de merenda escolar e remédio era desviado para que o governador do Estado e sua esposa advogada esbanjassem em iate, quadros, viagens com fotos cafonas, joias e privada automatizada.
E, não por acaso, este senhor era seu filho.
Desculpe a minha falta de empatia, mas discordo categoricamente da sua afirmação. Seu filho não “cometeu erros”. Ele fez algo mais grave. Ele cometeu crimes. C-r-i-m-e-S. No plural. É fato que ele não deu ordens de matar, a partir da cadeia. Por um motivo muito simples: ele matou muita gente com sua caneta. Que lhe foi concedida para cuidar deste estado e não para se esbaldar em Paris com guardanapos na cabeça e Loubotin nos pés.
Abre parênteses para update:
Da cadeia ele não “mandou invadir”. No entanto, os lares dos cidadãos do estado foram invadidos com as imagens das mordomias concedidas ao seu filho. Enquanto milhares de presos semianalfabetos, negros e pobres apodrecem na cadeia superlotada, onde adquirem, entre outras coisas, tuberculose e sarna. E de sua nora desfrutando do conforto do seu apartamento no Leblon, ao passo que outras milhares de mães presidiárias são afastadas dos seus filhos.
E não, não compartilho da máxima que as mães podem tudo. Caso não tenha percebido, vou lhe contar um segredo: seu filho lhe deu presentes caros nos últimos anos? Saiba que eles custaram os rins, corações e fígados de pessoas doentes.
Fecha parênteses.
Humilhação é mendigar remédios e salários que lhe são devidos por direito. É ser achincalhado publicamente pelo seu patrão, como nós médicos fomos. É assistir inúmeros pacientes morrerem por falta de antibiótico e perderem seus transplantes por falta de imunossupressores.
Dona Magaly, me desculpe se não sinto compaixão e se acho que as algemas são um castigo leve demais.
Ao contrário da senhora, que tem acesso à coluna, sou mais uma médica tentando enxugar gelo todos os dias, além de tentar reconstruir, com muito trabalho, o hospital que seu filho quebrou.
Infelizmente, o meu lamento não desfaz a desgraça das inúmeras famílias que seu filho provocou. Isso sim faz sentido, minha senhora.
Esperamos que a cena se repita com todos os corruptos.
Abaixo a impunidade.
Fora anistia.
Cada pessoa é um abismo: ver pessoas ligadas ao p/t causa vertigem.
A MASMORRA! O CHEFE!
Mas porque será que em lugar nenhum aparece o nome dessa médica sensacional…??
A cadeia não basta?
Humilhar o preso serve para que? Para transformar o criminoso em vítima?
Para combater a impunidade dos ladrões do colarinho branco ou de qualquer outro tipo é que não serve.
Por causa dos salários escalonados, pessoas sem receber , estão passando constrangimento ilegal :
no supermercado ( às vezes não dá para levar o alimento do mês; farmácia, sem remédio porque não temos o dinheiro no bolso, condominio, sendo despejados por atraso de aluguel… a perturbação do sossego:__cobrança.
Intestinos presos: nervosismo e falta de alimento.
E os assassinatos?
Oras, as cenas das algemas, pra mim foram corretas, demonstra que o p/t com seus aliados viveu em um mundo onde tudo tinha um preço, mas quase nada tem valor.
Covardes ilusionistas.
MERECIDAS PRISÕES!
O Ilmo Presidente da OAB-RJ tem todos os motivos para se solidarizar com a mãe do Cabral, pois quem sabe já não esteja defendendo um interesse futuro!
O leitor está se referindo, certamente, às denúncias do presidente do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro sobre um suposto esquema que existiria entre o grupo de Cabral e a diretoria da OAB-RJ, envolvendo uma agência de publicidade, a Corcovado, cujo dono foi preso. A questão, leitor, é que, independente da realidade ou não dessas denúncias – nós não temos elementos para afirmar que elas são verdadeiras – encher o Cabral de algemas é apenas copiar filme de americano. Temos a maior consideração pelo trabalho da PF, mas qual a necessidade disso? Só serve para que todos fiquem discutindo – inclusive nós – essa questão, ao invés dos crimes do Cabral.
Cabral deve pagar pelo que fez. Masss, não entendo pq a policia faz selfies com alguns bandidos e com outros, aqueles que não oferecem risco fazem essa cena de cinema toda. Procedimentos? e com o Cunha? tratamento VIP… Não entendo.