“Queremos que ele caminhe, não nas ruas, mas na direção de liderança no enfrentamento a essa pandemia, pelo bem de quem ele governa e pelo fim para o qual foi eleito”, repreende Arthur Virgílio (PSDB)
O prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio Neto (PSDB), afirmou na sexta-feira (10) que Bolsonaro “desmobiliza” o combate ao coronavírus.
“É um apelo de um mero prefeito. O presidente Bolsonaro não pode mais dar esses exemplos. Ele não pode dar. Desmobiliza. Essas atitudes do presidente, que sai tranquilamente às ruas e mostra, segundo o ponto de vista dele, que não há perigo de nada… Isso desmobiliza. Para desmobilizar, basta um passeio numa feira”, disse Virgílio, em entrevista à CNN Brasil.
Pelo Twitter, Virgílio continuou a reprimenda a Bolsonaro. “Queremos que ele caminhe, não nas ruas, mas na direção de liderança no enfrentamento a essa pandemia, pelo bem de quem ele governa e pelo fim para o qual foi eleito. O momento é sério, de ficarmos em casa para reduzir o risco de contágio e colapso no sistema de saúde pública”.
“Só então, o mais breve possível, esperamos, teremos saúde para recuperar a nossa economia”, arrematou o prefeito.
Bolsonaro tem proposto o fim da quarentena social e quer que apenas grupos de riscos, idosos e pessoas com doenças crônicas, fiquem em quarentena. Ele já chamou o coronavírus de “gripezinha”, “resfriado” e ataca governadores e prefeitos que tomam medidas de restrição para evitar a propagação do vírus entre a população.
Essa “gripezinha” já matou mais de 100 mil pessoas no mundo. No Brasil o número passou de 1.000 mortes.
Além disso, ele promove aglomerações e dá passeios pelas ruas, como no Distrito Federal quando conversou com ambulantes, entrou em padaria e cumprimentou apoiadores. Na sábado (11) fez a mesma coisa em Águas de Lindóia de Goiás, durante visita ao início de uma obra de hospital.
Na sexta-feira ele visitou o Hospital das Forças Armadas, passou numa farmácia e foi visitar o prédio onde mora o filho Jair Renan.
Em um dos momentos, Bolsonaro foi cercado por moradores e, antes de entrar no carro, ignorou orientações sanitárias e, sem demonstrar nenhuma preocupação com a crise do coronavírus, primeiro coçou o nariz com o dorso da mão direita e, segundos depois, passou a cumprimentar uma idosa e outros apoiadores.
Os casos de Covid-19 no Amazonas estão explodindo e pode transformar o estado num epicentro da pandemia no país. Com o sistema de saúde de Manaus em colapso, o prefeito apelou para que Bolsonaro não apareça mais em locais públicos, como fez na sexta-feira (10).
Segundo dados mais recentes até às 16h20 do sábado, o Amazonas conta com 1.050 casos confirmados de Covid-19 e 53 mortos. Segundo as secretarias estaduais de saúde, o país tem agora 20.334 casos confirmados do novo coronavírus (Sars-Cov-2), com 1.095 mortes.
“O fato é que muitas ruas de Manaus estão cheias de carros. As pessoas entram no que está aberto tentando fingir uma economia normal. Isso não ativa a economia de maneira nenhuma. Dá a impressão que reativa, mas vai causar mais doentes, um colapso do colapso do sistema de saúde e atraso na recuperação econômica”, disse Virgílio.
“Está havendo um colapso funerário. Os enterros estão crescendo de forma exponencial”, alerta o prefeito.
O município está erguendo um hospital de campanha com 144 leitos, sendo 32 de UTI, a fim de dar conta do aumento da contaminação.
Ainda pela rede social, Virgílio Neto disparou vários apelos à população para que fique em casa com vídeos e textos.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) pede para ficarmos em casa. Governadores e prefeitos do Brasil reforçam esse pedido de isolamento social e tomam as medidas que podem para combater o novo coronavírus, que causa a Covid-19”, escreveu.
“Volto a pedir a população, quem puder, fique em casa e quem não puder, tome todo o cuidado possível para não promover a propagação do vírus. Seja bravo, seja valente e resista como os bravos indígenas que nos somos. Fique em casa”, frisou.