Sem sucesso na tentativa de convencer o povo de que a reforma da Previdência é necessária, Michel Temer deve gastar mais R$ 50 milhões para reforçar suas campanhas publicitárias até fevereiro, além do que já foi gasto até o momento.
Durante todo o ano passado, o governo veiculou propagandas nas redes de televisão, rádio, jornais e portais de internet em que se alastravam a necessidade de aprovar a reforma da previdência, caso o contrário o país quebraria. Ainda na tentativa de igualar o regime geral de previdência com o regime próprio – dos servidores públicos – a propaganda dava os dados maquiados pelo governo, que fabricam o déficit, e ainda chamava os servidores de “privilegiados”, como se fossem os grandes culpados por haver problemas nas contas da Seguridade Social.
A mentira foi tanta que a Justiça suspensão a veiculação da propaganda. Em ação apresentada pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), a entidade denunciou que as peças não continham cunho educativo, como manda a Constituição, e apresentam mensagem “inverídica” sobre as mudanças nas regras de aposentadoria.
Ao analisar o caso, a juíza Rosimayre concordou com a entidade, destacando que, na propaganda, o governo promove “desqualificação de parte dos cidadãos brasileiros”, em referência aos servidores públicos.
Desde o inicio de 2017 já são R$ 150 milhões desviados para a propaganda do governo. Destes, R$ 103,5 milhões foram repassados para as agências de publicidade produzirem e veicularem os anúncios. Houve até mesmo crédito adicional de R$ 99 milhões aprovado pelo Congresso no apagar das luzes de 2017 para fechar as contas de publicidade — o que totalizou R$ 279 milhões.
Roberto Kupski, presidente da Febrafite (Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais), indaga, em artigo publicado na Folha de São Paulo, “qual o objetivo do governo com essas campanhas publicitárias milionárias e falaciosas?”. O dirigente argumenta que “elas omitem, por exemplo, que os servidores que ingressaram a partir de 4 de fevereiro de 2013 estão no teto da aposentadoria do INSS e pagam planos privados de previdência complementar. E, para os que ingressaram antes desse mesmo ano, contribuem com 11% do total da sua remuneração e continuam contribuindo na aposentadoria até a morte”.
Ou seja, para pagar a aposentadoria, dar aumento para os funcionários públicos, ajustar a tabela do imposto de renda, manter os serviços e empresas públicas não há dinheiro, mas para convencer a população de que é muito “justo” trabalhar até a morte não falta um tostão.