As ameaças aconteceram na manifestação dos bolsonaristas, no sábado (11), contra a quarentena
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), recebeu ameaças de morte e foi xingado pelo advogado Marcelo Pegoraro, membro do Aliança Brasil, organização criada por Bolsonaro e ainda em processo de formalização no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O governador apresentou notícia-crime na segunda-feira (13) contra o advogado e a Polícia Civil vai investigar.
No carreata contra a quarentena realizada no sábado (11), na Avenida Paulista, o advogado bolsonarista discursou dizendo que Doria “vai morrer” e que “a gente vai lá na tua casa e vamos quebrar sua casa inteira”, além de chamar o governador de “filha da puta” (sic). O discurso foi gravado e divulgado em redes de apoio a Bolsonaro durante o fim de semana.
De acordo com a defesa de Doria, Pegoraro cometeu os crimes de ameaça, injúria e incitação ao homicídio.
“Ao afirmar ‘cê vai morrer, filha da puta’, referindo-se ao noticiante, o indivíduo que aparece no vídeo incitou que terceiros atentem contra a vida do governador do Estado de São Paulo”, afirma a defesa do governador, representada pelo advogado Fernando José da Costa.
Para ao advogado do tucano, “não restam dúvidas” que Pegoraro tinha objetivo de divulgar e espalhar suas ameaças ao gravar o vídeo em plena Avenida Paulista.
“Tal circunstância corrobora a existência do ‘dolo’ em sua conduta, consistente na ‘consciência’ e ‘vontade’ de ameaçar o noticiante, incitar à população a praticar crimes e descumprir as medidas de contenção à propagação do covid-19”, afirma Fernando José da Costa.
O advogado do governador ainda argumenta que Doria deixou inconformados Bolsonaro e seus adeptos com as medidas tomadas de contenção à propagação do novo coronavírus, com adoção da quarentena em São Paulo. “Tais medidas motivaram o Presidente da República a tecer diversas críticas a tal postura”, anotou.
Segundo Fernando Costa, os vocábulos ‘a gente’ e ‘o pessoal’ usados no discurso do advogado são utilizados para ‘reforçar a ideia de coletividade’ e ‘estimular demais pessoas a aderirem a conduta’.
A defesa de Doria destacou que o governador não é o único morador da residência.
“Nestes termos, a gravidade dos dizeres extrapola a própria figura do governador”, afirmou Costa. “É certo que a ameaça a eventual ‘depredação’ incorre na probabilidade de ocorrência de tumultos e confrontos, que é absolutamente plausível, gerando também preocupação à própria segurança do peticionário e de seus familiares”.