
As atitudes irresponsáveis do presidente Jair Bolsonaro em relação ao trabalho do Ministério da Saúde no combate à pandemia do coronavírus levou ao pedido de demissão do secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira.
Ele comunicou sua decisão na manhã desta quarta-feira (15), mas o ministro Henrique Mandetta não aceitou. O ministro disse, na entrevista coletiva da tarde desta mesma quarta-feira, que Wanderson Oliveira permanece no cargo e que eles só saem juntos.
O secretário é um do principais auxiliares do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Wanderson vinha sendo uma das autoridades do Ministério que mais participavam das ações da pasta sobre o enfrentamento ao vírus e estava presente em boa parte das entrevistas coletivas sobre o tema.
Ele é um dos técnicos do Ministério que defendem as orientações da Organização Mundial da Saúde de isolamento social como estratégia de contenção do vírus.
Wanderson de Oliveira é funcionário de carreira do Ministério da Saúde. É doutor em epidemiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele tem especialização pelo programa de treinamento em epidemiologia aplicada ao SUS, pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Georgia, nos Estados Unidos. É especialista em epidemiologia pela Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, também nos Estados Unidos, e é professor da escola da fundação Oswaldo Cruz, em Brasília.
O servidor está no órgão há 15 anos. Participou da coordenação da resposta nacional à pandemia da gripe do vírus tipo A H1N1, em 2009, e da epidemia da zika congênita entre 2015 e 2016. Na secretaria, Wanderson foi responsável por ações de vigilância, prevenção e controle de doenças transmissíveis no Brasil, pela vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, saúde ambiental e do trabalhador e também pela análise de situação de saúde da população brasileira.
Jair Bolsonaro insiste em desrespeitar a ciência e desconsiderar os riscos de suas atitudes para a vida da população. Ele segue incentivando os brasileiros a se aglomerarem nas ruas.
Na opinião do presidente as medidas preconizadas pelos médicos e cientistas são desnecessárias e estão causando prejuízo ao país. A pressão sobre o Ministério da Saúde é no sentido de desfazer as medidas de proteção recomendadas à população pelo órgão.