O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) divulgou, na segunda-feira (22), o relatório final sobre a queda do avião que matou o ministro Teori Zavascki, então relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 19 de janeiro de 2017 em Paraty, no Estado do Rio de Janeiro. Além do ministro, morreram outras quatro pessoas que estavam na aeronave.
Segundo o órgão, subordinado à Força Aérea Brasileira (FAB), a investigação não identificou registro de pane ou mau funcionamento no sistema do avião. O coronel Marcelo Moreno disse ao apresentar o relatório que o piloto do avião, Osmar Rodrigues, “muito provavelmente teve uma desorientação espacial que acarretou a perda de controle da aeronave”.
De acordo com a FAB, Rodrigues era “experiente”, mas na hora do acidente a visibilidade estava “restrita”, o que pode ter contribuído para o acidente. Antes da queda, o piloto fez duas tentativas de aproximação do aeroporto de Paraty.
O Cenipa não aponta culpado num acidente aéreo. Curiosamente, a investigação do órgão sobre o acidente aéreo que matou o ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência da República, Eduardo Campos, e mais seis pessoas, em Santos, no dia 13 de agosto de 2014, chegou a conclusões semelhantes.
O relatório apontou que as condições meteorológicas adversas no momento do pouso e a possível desorientação espacial da tripulação contribuído para o acidente.
O relatório indica que o campo visual do piloto estava restrito devido às condições meteorológicas e não havia a presença de relevo que pudesse fornecer sinais visuais que permitissem estimar a altura da aeronave. Na busca de melhor visibilidade, o piloto fez a curva de arremetida, mas, como estava muito próximo ao mar, acabou se chocando com a água.
Marcelo Moreno informou que o avião estava com a manutenção atualizada e a documentação em dia. “Não havia registros de panes ou mau funcionamento relacionados aos sistemas da aeronave”, disse.
O investigador da FAB foi questionado sobre se há indícios de “sabotagem” no avião que transportava Teori, uma vez que ele era o relator da Lava Jato no STF e estava prestes a homologar delações. “Os elementos de investigação colhidos não sustentaram nenhum indício que levasse a essa interferência ilícita, e isso foi corroborado pelo laudo da Polícia Federal”, respondeu Moreno.