Segundo relatório da Oxfam, de 2006 a 2015, a riqueza dos bilionários inflou à taxa de 13% ao ano, enquanto a renda dos trabalhadores se arrastou a uma taxa 6 vezes menor, de 2%
Na véspera da abertura do Fórum de magnatas e puxa-sacos do neoliberalismo de Davos, a Oxfam, entidade humanitária inglesa, lançou novo relatório em que denuncia que a desigualdade no mundo alcançou dimensão tão absurda que 42 biliardários possuem a mesma riqueza que a metade mais pobre da população mundial, de 3,7 bilhões de pessoas.
Segundo Como a organização alertou ainda, 82% da riqueza gerada em 2017 foi para o 1% mais rico. Também jamais foi tão acelerado o ritmo de expansão do abismo da desigualdade: a cada dois dias, mais um novo bilionário (em dólares), agora são ao todo 2.043 no planeta. Nove entre 10 são homens. Números que têm como base relatório anual do Credit Suisse sobre riqueza global e a lista de bilionários da Forbes.
Entre 2006 e 2015, enquanto a riqueza dos bilionários inflou a uma taxa de 13% ao ano, a renda auferida pelos trabalhadores se arrastou a uma taxa seis vezes menor, 2% ao ano. Apenas o aumento na riqueza desses bilionários registrada em 2017 – mais US$ 762 bilhões – seria suficiente para acabar com a pobreza extrema no mundo inteiro mais de sete vezes.
Um quadro de ostentação, desperdício e ganância para uns poucos, e miséria e desesperança para a imensa maioria, que se repete continente após continente. Nos EUA, as três pessoas mais ricas (Jeff Bezos, Bill Gates e Warren Buffet) detêm a mesma riqueza que a metade mais pobre da população do país (160 milhões de pessoas).
No Brasil, cinco bilionários detém a mesma riqueza que os 50% mais pobres (100 milhões); em um ano – em plena crise – o número de bilionários subiu de 31 para 43. Na Nigéria, os juros recebidos pelo homem mais rico sobre sua fortuna em um ano seriam suficientes para tirar dois milhões de pessoas da pobreza extrema. Na Indonésia, os quatro mais ricos concentram mais riqueza que os 100 milhões mais pobres.
Na África do Sul, os 10% mais ricos recebem metade do total de salários pagos, enquanto os 50% da força de trabalho ficam com apenas 12%. Em pouco mais de um dia de trabalho, o diretor executivo de uma grande empresa americana ganha o mesmo que um trabalhador médio ganha em todo um ano.
De acordo com o recém-publicado “Relatório de Desigualdade Mundial”, do banco Credit Suisse, o 1% mais rico abocanhou 27% do crescimento da renda global entre 1980 e 2016. Já os 50% mais pobres tiveram que se contentar com a metade disso, 13%
Em um quarto de século, para alguém que integre os 10% mais pobres do mundo, a renda anual média aumentou menos de US$ 3. Assim, enquanto 42 centavos de cada dólar de aumento da riqueza global eram açambarcados pelos 10% mais ricos, os 50% mais pobres tinham que se contentar com apenas 13 centavos.
Numa demonstração de como é insustentável essa situação, o estudo registrou que, considerando esse nível de desigualdade, a economia global precisaria ser 175 vezes maior apenas para permitir que todos passassem a ganhar mais de US$ 5 por dia (o que seria uma catástrofe ambiental).
É pesada a carga sobre os jovens: no mundo inteiro quase 43% estão desempregados ou subempregados segundo a OIT. As mulheres – além da dupla jornada de trabalho (não paga), da diferença de salário com um homem na mesma função e do assédio – ainda se vêem diante de situações como a narrada, de, no país mais rico do mundo, os EUA, uma trabalhadora no setor avícola no Arkansas ter de trabalhar de fraldão, porque é proibido ir ao banheiro. Mais de 150 milhões de crianças de 5 a 17 anos estão envolvidas em alguma forma de trabalho infantil, quase uma em cada 10.
PROPAGANDA NEOLIBERAL
Embora a máquina de propaganda neoliberal e da globalização assevere que se os ricos forem entupidos com mais riqueza, esta vai escorrer para baixo, gerando empregos, salários e menos pobreza, isto é desmentido a cada ano pela exacerbação da desigualdade, que já não há como abafar.
A corrida para o fundo de salários, aposentadorias, direitos e programas sociais sob a globalização, desde a derrubada do socialismo na União Soviética, por um lado, mais a especulação desenfreada, ‘quantitative easing’, evasão fiscal, corte de impostos para ricos, bônus escandalosos para os executivos e favorecimento de acionistas e rentistas estão na raiz desse descalabro. Longe vão os tempos em que Keynes, para deter a crise, clamava por empregos, salários e a eutanásia do rentismo.
Ainda segundo o relatório, dois terços dessa riqueza desmedida se devem simplesmente a herança sem tributação, saqueio por monopólios e corrupção desbragada, inclusive nas privatizações, e não à alegada “inovação” ou “talento” de alguém.
Provavelmente, uma estimativa ainda muito condescendente com os parasitas. No bicentenário do nascimento de Karl Marx, sua percepção de que a concentração de riqueza em um pólo da sociedade correspondia ao acúmulo de miséria e brutalização no pólo oposto está tendo uma confirmação para alguns inesperada.
ANTONIO PIMENTA
A desigualdade no mundo continuará. A sensibilidade dos líderes dos países mais ricos não é prioridade p solucionar, lpelo menos amenizar essa situação tão aflitiva. Parece q a miséria é manobra política de barganha p proveito próprio. São escolhidos ou eleitos, e, a partir daí, agirão, na execução de suas funções, pensando no seu círculo próximo da sua confiança. É a minha umilde opinião. Até mais.