O ex-secretário de Obras da gestão de Eduardo Paes (PMDB) na Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Pinto, chegou a usar a mãe e os filhos para ocultar as propinas recebidas em empreendimentos do município, denunciou o Ministério Público Federal (MPF). Ele foi preso novamente nesta terça-feira (23).
De acordo com o MPF, os repasses foram realizados pelas empreiteiras Carioca Engenharia e OAS, contratadas para executar as obras da Transcarioca e da recuperação ambiental da Bacia de Jacarepaguá.
Segundo o MPF, foi identificado o pagamento ao ex-secretário de ao menos R$ 750 mil da Carioca Engenharia e R$ 750 mil da OAS. O objetivo desses pagamentos foi garantir que as licitações da obras da Transcarioca ao Consórcio Transcarioca Rio ficassem por conta das empreiteiras acima citadas. Nas obras de recuperação da Bacia de Jacarepaguá, foram pagos pelo menos R$ 500 mil reais pela Carioca Engenharia.
A denúncia demonstra que na tentativa de ocultar a origem dos recursos, Alexandre recebia depósitos em dinheiro na conta poupança de sua mãe. Esses depósitos somaram R$ 305 mil e o ex-secretário era o único que movimentava a conta no nome da mãe.
Alexandre Pinto também comprou imóveis, fez investimentos com valores obtidos com a propina em nome de seus filhos para ocultar a propriedade dos bens e a origem dos recursos, apontou o MPF.
“Alexandre Pinto da Silva ocultou sua condição de real proprietário dos imóveis, tendo por objetivo blindar o patrimônio adquirido como proveito dos crimes antecedentes de corrupção passiva e distanciar ainda mais os imóveis adquiridos da origem criminosa dos valores utilizados para sua aquisição”, afirmaram os procuradores.
A Operação ‘Mãos à Obra’ que prendeu Alexandre é mais uma no âmbito da Lava Jato. Ela é um desdobramento da Rio 40 Graus, que revelou esquema de propina na Secretaria Municipal de Obras em outubro do ano passado. A Mãos à Obra identificou a cobrança de propina em seis obras municipais: na restauração da linha Vermelha; no programa Asfalto Liso; entorno do Maracanã; BRT Transoeste; BRT na Transcarioca; e BRT Transbrasil. Eduardo Paes negou ter conhecimento do esquema em sua secretaria.