Enquanto Bolsonaro incentiva aglomerações e ataca os governadores e prefeitos que colocam em prática a quarentena, o Brasil amarga um tenebroso resultado. Estudo realizado pelo Imperial College de Londres apontou que o Brasil possui uma taxa de contaminação pelo novo coronavírus de 2,8, a maior do mundo.
Isso significa que cada pessoa contaminada pela Covid-19 no Brasil infecta quase três pessoas – ou, a cada 10, 28 são contaminadas.
Como resultado da desastrosa política de Bolsonaro, nosso país registrou oficialmente 5.901 mortes por coronavírus nesta quinta-feira (30). Além de um total de 85.380 casos confirmados.
De acordo com o Imperial College, o Brasil está entre os nove países que apresentam maior crescimento na pandemia. Os outros oito países são: Canadá, Índia, Irlanda, México, Paquistão, Peru, Polônia e Rússia.
Com base nos cálculos, a transmissão do coronavírus está caindo em quatro dos 48 países estudados: Itália, França, Espanha e República Dominicana. Em 23, incluindo Alemanha, Portugal, Bélgica, Colômbia e EUA, está estabilizada.
Segundo o estudo, no Brasil a transmissão acontece de forma mais rápida do que os outros países analisados, o que leva a superlotação dos hospitais e falta de leitos, como já acontece nas grandes cidades do país.
A quarentena é a medida mais eficaz para contar este avanço, por inibir que um número maior de pessoas sejam infectadas ao mesmo tempo. Se adotado com seriedade, a medida pode desafogar o sistema de saúde, tanto o público quanto o privado.
Ao invés de adotar a quarentena como política de saúde e social, Bolsonaro joga contra a medida. Critica os governadores que a colocam em prática, chama a doença de ‘gripezinha’ e ainda provoca aglomerações em Brasília, em saídas desnecessárias ao comércio, incentivando manifestações contra a democracia, chegando a comparecer em nos atos que defendem o fechamento do Congresso Nacional e o STF.
Bolsonaro intensifica a crise política, não defende o distanciamento social e ainda debocha dos 5.000 brasileiros que já perderam a batalha contra o coronavírus e desrespeita suas famílias. “E daí. Lamento. O que quer que eu faça”, diz o presidente diante das mortes.
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Desde os primeiros casos de coronavírus no Brasil, Bolsonaro desrespeita as vítimas do coronavírus e seus familiares. Circula na internet um gráfico elaborado pelo perito Julio de Carvalho Ponce, destacando o avanço da doença e o desdém daquele que deveria agir para evitar a morte dos brasileiros.
Nos outros países estudados, as medidas de isolamento social foram intensificadas e se tornaram mais rígidas. Multas foram aplicadas na Itália, na Espanha e em diversos outros países. A polícia foi acionada para prender casos reincidentes, em que pessoas saíram às ruas sem necessidade, na Europa e nos EUA.
O estudo inglês também traz a projeção de mortes no Brasil para a próxima que é de mais 5000 pessoas, podendo elevar o total a 10 mil óbitos.
A análise de dados do Imperial College faz uma média encontrada entre o mínimo de mortes que poderão ocorrer (2.360, segundo o Imperial College) e o máximo de mortes previstas (9.770).
SUBNOTIFICAÇÕES
A precisão das estimativas varia de acordo com a qualidade da coleta e divulgação dos dados em cada país. Naqueles em que há falha na divulgação dos dados, as previsões podem estar subestimadas.
Além de prever o cenário de alastramento da doença no Brasil, o estudo coloca o país entre os que possuem mais subnotificações de infectados pela Covid-19. Também levando em consideração os óbitos, os estudiosos fizeram uma fórmula matemática tendo como base a taxa de mortalidade mais fidedigna de outros países que fizeram maior número de testagens. Quanto maior a discrepância entre a taxa de mortalidade divulgada e a estimada, maior o grau de subnotificação.
Apenas 10,4% do total de infectados está sendo notificado, estima o relatório. Somente outros cinco países estão piores nesse quesito: Hungria (10,3%), França (9,5%), Bélgica (9%), Suécia (7,3%), México (5,8%).
Segundo especialistas, a análise do fim do isolamento precisa considerar ao menos cinco condições, de acordo com cada macrorregião, que são: número de leitos de UTI; quedas sucessivas no número de mortes por 14 dias; baixa taxa de contágio; disponibilidade de equipamentos de proteção para a saúde e testes; e um sistema de monitoramento para verificar se a transmissão está aumentando. Nada disso acontece no Brasil, muito pelo contrário. As mortes estão subindo em escala exponencial.