Para o senador do PSDB, “narrativa de Bolsonaro contra o Congresso e o Judiciário é uma coisa completamente fantasiosa”; “É uma irresponsabilidade com o país”
“Não me lembro de enfrentar um governo tão despreparado” para enfrentar uma pandemia como essa, disse o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
“Em vez de estar liderando o combate à pandemia, estamos com um presidente criando problemas e esquecendo completamente da crise que vivemos”, continuou o parlamentar, em entrevista ao UOL.
Segundo Tasso, “temos relatos de secretários de saúde estaduais dizendo que o Ministério da Saúde está praticamente parado desde que o novo ministro assumiu o cargo. Dá para entender determinadas circunstâncias, ele [Nelson Teich] tem que tomar pé. Mas não é hora de tomar pé. É hora de agir”.
Tasso Jereissati acredita que Bolsonaro tentou arranjar motivo para dizer que o Congresso Nacional quer derrubá-lo. “Acho que já tentou fazer isso criando uma narrativa de que havia uma conspiração contra ele entre Congresso e Judiciário. Uma coisa completamente fantasiosa”.
“Não sei se ele acredita nisso mesmo. Dizem que é da sua personalidade, não o conheço bem, ou se estava criando um ambiente para radicalizar os movimentos políticos. Em qualquer das duas alternativas, é uma irresponsabilidade com o país”, comentou.
O senador disse que a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça criou “uma instabilidade política muito grande em razão de toda a bandeira do presidente Bolsonaro, durante sua campanha, de combate à corrupção”.
Moro deixando o governo e criticando Bolsonaro por ter interferido politicamente na Polícia Federal, “essa bandeira vai por água abaixo e cria crise de confiança no país”. “Colocou uma mancha. Pelo menos no momento em que demite ou faz com que o ministro se demita”.
“Gostando ou não, mas [Moro] é um símbolo do combate à corrupção no Brasil. No momento que o ministro sai, e ainda sai atirando, já significa que isso [combate à corrupção] não é tão prioritário”, disse.
O parlamentar acredita que a outra bandeira contra a “velha política” levantada por Bolsonaro durante as eleições também se mostrou mentirosa.
Jair Bolsonaro mudou seu “relacionamento com os políticos, principalmente com congressistas, que ele chamava de ‘relacionamento promíscuo’, resolve mudar inteiramente essa postura e buscar o apoio do centrão. Ou seja, ao invés de repudiar os políticos que ele chamava de fisiológicos, se alia a esses políticos. Tem uma guinada radical no caminho”, disse Tasso.
O senador reafirmou que para o PSDB “uma das pedras fundamentais é que a democracia e a impessoalidade são sagradas”. “E Bolsonaro nesta área tem se tornado, pelo o que tem dito e até tomado algumas ações, o oposto dessa pedra sagrada que nós temos”.
“Somos oposição”, garantiu, mas naquilo “que nos conforta em política econômica, principalmente, damos todo o apoio”.