A Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgaram nota repudiando novo ataque de Bolsonaro contra os jornalistas, na manhã de terça-feira (5), em frente ao Palácio da Alvorada.
“É lamentável e preocupante que o presidente faça dos ataques aos jornalistas e ao jornalismo uma rotina”, diza nota da ANJ.
A ABI advertiu: “Apesar das ameaças, a verdadeira imprensa e os jornalistas comprometidos com a sua nobre profissão não se intimidarão”.
Bolsonaro atacou a imprensa e particularmente o jornal Folha de S. Paulo, cuja manchete tratava da troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Carlos Henrique Oliveira.
Ele chamou as matérias dos jornais de “patifarias”, e de “canalhas”. Quando os repórteres tentaram fazer perguntas, o chefe do Executivo berrou: “Cala a boca! Cala a boca! Cala a boca”.
À tarde, Bolsonaro disse que se excedeu e fez uma “grosseria”. Mas essa não foi a primeira nem a única das “grosserias”, desacatos e xingamentos que ele dirige à imprensa. Já deu uma banana, no mesmo lugar, para os jornalistas e tem estimulado seus seguidores a hostilizarem a imprensa.
Só este ano, segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), “Bolsonaro proferiu 179 ataques à imprensa, sendo 28 ocorrências de agressões diretas a jornalistas, duas ocorrências direcionadas à Fenaj e 149 tentativas de descredibilização da imprensa”.
No domingo, jornalistas e repórteres fotográficos foram agredidos na manifestação golpista em que Bolsonaro participou.
O fotógrafo do Estadão, Dida Sampaio, foi agredido com socos e pontapés. Jornalistas da Folha e da TV Globo foram hostilizados, sem que Bolsonaro fizesse qualquer condenação contra a violência. Alegou que não pôde controlar a sua claque raivosa.
Leia na íntegra as notas das entidades:
ANJ
NOTA À IMPRENSA
05 Maio 2020
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) protesta com veemência contra os termos desrespeitosos com que o presidente Jair Bolsonaro se dirigiu aos jornalistas na manhã desta terça-feira.
Mais uma vez, o presidente mostra sua incapacidade de compreender a atividade jornalística e externa seu caráter autoritário. Os jornalistas trabalham para levar os fatos de interesse público ao conhecimento da população e têm o direito e o dever de inquirir as autoridades públicas.
É lamentável e preocupante que o presidente faça dos ataques aos jornalistas e ao jornalismo uma rotina contra a civilidade e a convivência democrática.
Brasília, 5 de maio de 2020.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS – ANJ
ABI
Rio de Janeiro, 05 de maio de 2020
Cala a boca já morreu, senhor presidente
Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez agrediu verbalmente jornalistas e estimulou seus apoiadores a hostilizá-los, na porta do Palácio da Alvorada.
De dedo em riste e aos gritos interrompeu os profissionais de imprensa: “Cala a boca, cala a boca”.
O episódio não é mais apenas uma demonstração de falta de compostura do presidente. Ao cassar a palavra dos jornalistas, Bolsonaro tentou impedir que uma questão de interesse público fosse tratada. Quando foram interrompidos, os repórteres estavam perguntando se a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio tinha como objetivo a proteção da família do presidente.
Apesar das ameaças, a verdadeira imprensa e os jornalistas comprometidos com a sua nobre profissão não se intimidarão. Continuarão a tratar os assuntos que julgarem pertinentes e de interesse da sociedade.
Cala a boca já morreu, senhor presidente.
Paulo Jerônimo Souza
Presidente da ABI