Deputados e senadores aprovaram ajuda emergencial a estados e municípios e se recusaram a congelar investimentos e salários de servidores da saúde e segurança. Guedes pediu e Bolsonaro anunciou publicamente o veto a essas medidas
Mesmo diante do agravamento da pandemia no Brasil, com a expansão da doença por todo o país e a explosão do número de mortos – já são mais de 8,5 mil -, Bolsonaro insiste em afrouxar as medidas de proteção à população.
O presidente participou, à frente de alguns empresários, na manhã desta quinta-feira (07), de uma patética marcha e uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, cujo objetivo foi pressionar o STF a atropelar estados e municípios a retomar atividades econômicas não essenciais.
O presidente do STF reagiu à pressão sugerindo ao presidente Jair Bolsonaro a criação de um Comitê de crise com todos os poderes, incluindo estado, municípios, empresários e trabalhadores para tomar decisão dos próximos passos durante a pandemia.
Jair Bolsonaro foi a pé até o STF com ministros e empresários e disse que os chefes de poderes têm que ter coragem e tomar decisões, mesmo que sejam criticadas. Bolsonaro também disse que assinou acréscimo no decreto que define as atividades essenciais e incluiu a construção civil.
Ao mesmo tempo que pressionou o Supremo para aumentar as mortes no país com o afrouxamento das medidas de proteção, Bolsonaro anunciou que vai vetar artigos da lei de ajuda a estados e municípios no tocante aos servidores da saúde, educação e segurança.
Esses setores foram preservados por deputados e senadores do congelamento de salários e contratações nos próximos dois anos. Os parlamentares consideraram um ato desumano e equivocado do governo penalizar exatamente os servidores que estão na linha de frente do combate ao coronavírus.
No meio da pandemia, com os estados e municípios tendo que correr com os investimentos em saúde pública, abrir leitos de UTI, comprar equipamentos, contratar pessoal especializado, aumentar a segurança pública, intensificar a fiscalização do cumprimento das medidas de quarentena, o governo decide perseguir os servidores públicos dessas categoriais.
Uma medida totalmente desconectada da realidade, que vai impedir a ampliação dos serviços públicos. É uma sabotagem aberta e criminosa aos estado e à população brasileira.
O Congresso Nacional mostrou sensibilidade com os problemas do país e acelerou as votações para que a ajuda emergencial chegue logo ao seu destino, enquanto isso, Bolsonaro e Guedes só dão ouvidos a interesses mesquinhos que desprezam a vida da população.
Insistir em ajustes fiscais e cortes de salários em plena crise do coronavírus, quando eles nem mesmo estão sendo demandados, é coisa de serviçais abjetos. Apontar em mais arrocho e mais estrangulamento dos investimentos públicos e do mercado interno num quadro de crise só visto em 1929, é um ato insano que reforça a noção crescente de que este governo não está mais em condições de conduzir o país.