O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), afirmou nesta sexta-feira (8), que 30 mil pessoas deixaram de morrer na cidade de São Paulo desde o início da pandemia por conta do isolamento social.
Durante a coletiva de imprensa diária realizada em conjunto com o governador do Estado João Doria, Covas criticou a “falsa contradição entre vidas e economia”.
“Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para evitar o que se viu inclusive nas cidades mais ricas, como em Nova York”, afirmou ao confirmar a ampliação do rodízio municipal na cidade a partir de segunda-feira.
Com a aceleração da propagação da Covid-19, a ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) na capital paulista já passa de 80% e, em metade dos hospitais, a lotação das UTIs é de quase 100%.
“Os números são cada vez mais preocupantes. Só na cidade entre mortes confirmadas e suspeitas são 4.496. A lotação das UTIs municipais passa de 80%, sendo que em metade dos nossos hospitais já chega a 100% de ocupação. Os casos vêm crescendo com mais de 100 mil pessoas entre casos confirmados e suspeitos, um crescimento diário de quase 5 mil casos”, disse Covas, em entrevista à imprensa.
Por conta da pressão no sistema público nos últimos dez dias, leitos no sistema privado começaram a ser contratados. Até o momento, 108 leitos em sete hospitais foram contratados a um custo de R$ 2,1 mil cada. Responderam ao chamamento da prefeitura, dos 247 hospitais privados da cidade, 107, que possuem 4 mil leitos de UTI, sendo que 20% estão disponíveis para contratação – uma soma, portanto de 800 leitos. A prefeitura estima que contrará 500 destes leitos.
Covas justificou a decretação do rodízio impedindo diariamente a circulação de metade da frota de automóveis na capital com a queda da taxa de isolamento social da população à casa dos 47%. Nos últimos dias, explicou, observou-se o maior índice de congestionamento no trânsito desde o início das medidas restritivas para enfrentar a pandemia.
“O objetivo do rodízio é fazer com que as pessoas fiquem em casa. Não há razão para ficar circulando na cidade. Cada deslocamento leva o vírus de um lugar para o outro. Da mesma forma que ampliamos o rodízio municipal, podemos reverter a decisão se o isolamento voltar aos padrões de 60%”, declarou Covas. “As medidas são sempre em razão da adesão da população. Se descumprem, precisamos apertar.”
Com a medida, o prefeito relatou que passou a sofrer ameaças. “Passei a receber ameaças, intimidações virtuais de milicianos. Não vamos retroceder nem um milímetro, não vamos nos deixar intimidar. A prefeitura segue em defesa da vida”, afirmou o prefeito.
Todo recurso arrecadado com multas de rodízio será utilizado no combate ao novo coronavírus. Caso a cidade volta a apresentar uma taxa de 60% de isolamento social, a suspensão do rodízio de veículos será estudada.