“Retomar o investimento público por meio de uma política de Estado junto com o capital privado é uma das formas de estimular a demanda”, afirma João Carlos Marchesan, presidente da ABIMAQ
João Carlos Marchesan, presidente da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), afirmou que para amenizar o cenário de “uma crise econômica sem precedentes gerada pela pandemia da Covid-19”, “precisamos de políticas de Estado contundentes”.
Até recentemente várias entidades empresariais, entre elas a ABIMAQ, davam o aval para políticas neoliberais de estado mínimo que, por conta dos cortes de investimentos públicos, dos financiamentos estatais e arrocho nos salários, provocaram uma profunda desindustrialização no país. Agora, diante do desastre agravado pela pandemia, chegam a conclusões opostas ao que pensavam antes.
“Temos um problema sério que é o desemprego, que já era alto e vai aumentar ainda mais, o que aprofundará a crise. Para amenizar este cenário precisamos de políticas de Estado contundentes”, afirmou Marchesan em editorial no site da entidade.
Para o dirigente industrial, “retomar o investimento público por meio de uma política de Estado junto com o capital privado é uma das formas de estimular a demanda”.
“O investimento de hoje é o crescimento de amanhã. Facilitar e ampliar o capital de giro para as empresas de todos os portes, com custos compatíveis, para serem financiadas durante a travessia dessa pandemia é outro caminho para amenizar a situação das fabricantes dos setores”, defendeu. “Nos próximos 20 anos, precisamos investir R$ 10 trilhões em infraestrutura, para que a indústria supere os gargalos pontuais”.
“Sabemos que a crise impactará as famílias e empresas distintamente. No nosso setor, já observamos segmentos menos afetados, como os que atuam no mercado agropecuário, de embalagens, de alimentos, farmacêutico e plásticos, e outros bastante afetados, que são os que trabalham com as indústrias de bens duráveis”, relatou o empresário.
Segundo Marchesan, a ABIMAQ tem acompanhado de perto e diariamente os impactos da Covid-19 e das medidas de afastamento social e econômicas “para realizar sugestões concretas e mitigar os problemas da pandemia que não sabemos nem quanto tempo vai durar e nem a profundidade que será”.
O empresário destacou que de forma geral, até o mês de abril, ainda que as empresas tenham mostrado faturamento ainda positivo, “a capacidade instalada e a produção estão em forte queda, num cenário cujas despesas fixas ainda são as mesmas, dificultando honrar compromissos com fornecedores, fisco, distribuidores de energia, entre outros”.
A ABIMAQ esteve entre as entidades que acompanharam Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira (7/5), após uma reunião onde os empresários foram buscar apoio para a indústria no período da pandemia. Bolsonaro tentou usar os empresários para pressionar o Supremo pelo fim da quarentena.
O presidente-executivo da ABIMAQ, José Velloso, presente na reunião, disse que foi iniciativa do presidente trazer o assunto para a reunião, que os empresários queriam tratar da competitividade do setor.
“Não estava na nossa agenda inicial, mas o presidente Bolsonaro trouxe a discussão da flexibilização do isolamento no país. E é consenso de que nós precisamos sim de uma estratégia. Estratégia correta, tomando todos os cuidados, o máximo cuidado com os trabalhadores, para poder sair da forma mais rápida possível, identificando o que será necessário para essa nova etapa da retomada da economia brasileira”, afirmou.
A ABIMAQ vem alertando as autoridades para a dificuldade que as empresas têm enfrentado junto a bancos, público e privados, para a travessia durante a pandemia, como o aumento dos juros e prazos para pagamento de empréstimos.