A Organização Mundial da Saúde advertiu que os EUA e o Brasil não levaram a sério as advertências que a organização fez sobre o surto de coronavírus desde o início da pandemia.
A porta-voz da OMS, Margaret Harris, afirmou durante sessão informativa virtual, que são “vírus muito complicados” e é difícil produzir vacinas contra eles, embora existem tratamentos prometedores.
“As Américas estão certamente dirigindo a pandemia no mundo, com maior número de casos e mortes”, disse, em coletiva de imprensa em Genebra na terça-feira, 12. “O Brasil está certamente vendo um aumento grande de casos”, constatou. Segundo ela, porém, o maior número continua sendo registrado nos EUA.
Os EUA são o país que mais casos de Covid-19 registra em todo o mundo com mais de 1,3 milhões de infectados e mais de 80.000 mortes. Já o Brasil é o mais afetado pela pandemia na América Latina com mais de 169 mil contagiados e 11.653 falecidos registrados até a manhã de 12 de maio.
Em 15 de abril último, Donald Trump acusou a OMS de “má gestão e encobrimento” na expansão do coronavírus. O presidente anunciou ainda que suspenderia o financiamento à organização, denunciando um suposto tratamento de favor à China, fato que foi internacionalmente repudiado pela sua falsidade.
Copiando seu ‘modelo’ gringo desde que se detectou o primeiro caso no país, Jair Bolsonaro recusou-se a aplicar uma quarentena total em todo o território brasileiro, sob a bandeira de manter a atividade econômica generalizada para, segundo ele, preservar os empregos.
Depois de ter qualificado o coronavírus como uma “gripezinha”, Bolsonaro afirmou que não há muito o que fazer porque a pandemia finalmente contagiará “70% da população”.
A representante da OMS assinalou que “temos alguns tratamentos, que parecem estar em pesquisas ainda inconclusivas, para limitar a severidade ou a duração da doença”, ressaltando que no momento ainda não existe “nada que possa matar ou deter o vírus” por completo. E essa situação recomenda cuidado e decisões que respeitem a ciência e a saúde de milhões de pessoas, acrescentou Harris.
Na segunda-feira, 11, o diretor da OMS para operações, Michael Ryan, declarou estar preocupado com países que “continuam dirigindo cegos”, numa alusão à falta de testes e do reconhecimento da gravidade do caso, da falta de medidas de distanciamento social ou de testes. E acrescentou que alguns governos não agiram no início e, agora, terão uma segunda chance. Mas a “séria cegueira” de alguns pode afetar a capacidade de dar uma resposta.