Uma multidão lotou a Praça de Maio, em Buenos Aires, para exigir “Justiça e Verdade” para o assassinato do jovem Santiago Maldonado, que esteve desaparecido por 78 dias.
Milhares de pessoas convocadas pela família de Santiago Maldonado e organismos de direitos humanos voltaram a se manifestar na Praça de Maio, na quarta-feira, dia 1º, para exigir justiça e verdade para o jovem que esteve desaparecido durante 78 dias até que seu corpo fosse encontrado no rio Chubut, na Patagônia, no dia 17 de outubro. Sergio Maldonado, irmão mais velho de Santiago, se dirigiu à multidão, dizendo que “nossa única exigência é Justiça. Não contem comigo para gerar ódio. Não vamos abandonar a luta até que se faça justiça”.
As Avós da Praça de Maio, a Assembleia Permanente pelos Direitos Humanos (APDH), e Mães da Praça de Maio, entre outras entidades relacionadas à defesa dos direitos humanos, convocaram a marcha.
“Santiago foi assassinado e foi um desaparecimento forçado. Não entendo como podem opinar os ‘peritos’ quando ainda não têm todas as provas. Têm que esperar para saber com clareza o que aconteceu”, considerou Sergio Maldonado, em coletiva de imprensa, referindo-se à versão de que o cadáver estava no rio desde a morte do jovem. A advogada da família, Verónica Heredia, afirmou que “é impossível que o corpo tenha estado durante 78 dias onde foi encontrado”, e assinalou que o cadáver foi plantado lá e que seguirão “insistindo com o desaparecimento forçado de pessoas”.
A família do jovem assassinado também publicou um comunicado, em sua página web, no dia em que se cumpriram três meses do desaparecimento responsabilizando a força de segurança, Gendarmeria Nacional que é subordinada à ministra de Segurança, Patricia Bullrich.
O jovem de 28 anos desapareceu depois que dezenas de agentes da polícia militar entraram na ocupação dos índios mapuche “Pu Lof em Resistência”, na Patagônia argentina.
Segundo testemunhas, os guardas dispararam balas de chumbo e borracha e queimaram os pertences das famílias da comunidade que se manifestavam para tentar tirá-los de lá. Maldonado estava ali desde o dia anterior, acompanhando os indígenas e foi visto pela última vez quando tentava escapar dos tiros.
O terreno da Pu Lof, em terras administradas pelo latifundiário Luciano Benetton, da empresa têxtil Benetton, está ocupado por famílias mapuche que lutam pela recuperação de seu território ancestral e por políticas em prol dos direitos indígenas desde março de 2015.