
Sob a coordenação de Márcia Campos, representantes de 32 países, dos 5 continentes, numa iniciativa inédita, no último dia 14 de julho, se reuniram online para articular a solidariedade ao povo palestino, vítima de um genocídio por parte do governo sionista de Israel, bancado pelo governo dos EUA.
Márcia foi, durante 16 anos, presidente da FDIM (Federação Democrática Internacional de Mulheres), representando a entidade na ONU. Para a ex-presidente, “acabar com o genocídio não é tarefa para um partido, ou para um país. Acabar com o genocídio do povo de Gaza só será possível com a união de todos seres humanos, de todas as religiões, de todas as ideologias. É tarefa para quem tem sangue nas veias. É preciso nos revoltarmos, abraçarmos uns aos outros, para acabar com essa situação. Matar mulheres, matar crianças. Isso é inadmissível. A Palestina não pode, não deve considerar que só ela e seu povo vão enfrentar a barbárie, o imperialismo”.

Lorena Peña, presidente da FDIM e ex-deputada federal, presidente do Congresso Nacional de El Salvador, declarou que “a causa da Palestina é a causa da humanidade. Saudação especial aos integrantes do barco Handala, da Coalizão Internacional Freedom Flotilla, que está rompendo o cerco para levar ajuda humanitária ao povo palestino, na luta contra essa agressão e pelo reconhecimento do direito do povo palestino a viver em sua terra e constituir um Estado pacífico, próspero, livre e soberano, com direito a sua autodeterminação”.

Amyra El Khalilil, beduína/palestina/brasileira, professora de economia e fundadora do Movimento Mulheres pela Paz na Palestina e da Aliança Redes de Cooperação Comunitária, apresentou no encontro o “Dossiê SOS Palestina Livre”, um relatório internacional assinado por centenas de organizações e movimentos, junto com uma carta – subscrita por mais de mil lideranças e intelectuais de todo o mundo – com um apelo urgente pelo fim da fome em Gaza e garantia de acesso humanitário. Segundo Amyra, o Dossiê será encaminhado aos governos e autoridades de todos os países. “Exigimos a abertura imediata de todas as passagens para Gaza, incluído a de Rafah, o fim de toda e qualquer obstrução de ajuda humanitária, o cumprimento do direito humanitário e o fim do uso da fome como instrumento de guerra”, afirmou.

Dra. Nehaya’s, palestina na Jordania, declarou: “Vocês são a consciência viva neste mundo brutal. Todos veem o genocídio. Ele destrói o coração e a alma de qualquer ser humano normal. Nunca vimos em toda história da humanidade o que vemos agora na Palestina. Esta guerra está dirigida sobretudo contra as crianças e as mulheres, que criam seus filhos, que os ensinam o amor pela Pátria, a manter a sua identidade, a não perder o legado e a seguir resistindo e se sacrificando pela Pátria. Eles querem eliminar nosso direito à vida, mas resistimos. Nós só temos a nossa vontade inquebrantável e a Palestina será livre desde o rio até o mar”.
O dirigente do Partido Comunista Chinês e vice-presidente da Sociedade Chinesa de Estudos da Cultura Vermelha, Hu Cheng, afirmou: “Hoje me sinto imensamente entusiasmado e profundamente honrado por estar aqui, comunicando-me com camaradas de vários países. Antes de mais nada, gostaria de compartilhar com todos uma notícia inspiradora: neste ano, o número de filiados ao Partido Comunista da China ultrapassou 100 milhões. É uma força poderosa o bastante para amedrontar opressores, exploradores e imperialistas em todo o mundo”. E completou: “As ideias brilhantes formadas pelos líderes do partido, ao longo do apoio às nações oprimidas e na conquista da libertação da China, continuam a inspirar a luta de cada comunista chinês. Entre elas estão a ideia de Mao de que ‘o imperialismo e todos os reacionários são tigres de papel’, e ‘O Manifesto Comunista’. Eles (Marx e Engels) apontaram com clareza:
‘Quando for eliminada a exploração de um indivíduo por outro, será eliminada também a exploração de uma nação por outra. Quando desaparecerem os antagonismos de classe dentro das nações, desaparecerá também a hostilidade entre as nações'”.
Para o representante dos EUA, John Catalinoto, diretor do Institute American Center, o governo Trump tem perseguido e reprimido com sua truculência habitual as manifestações pelo fim do genocídio e em apoio ao povo palestino. Porém, a cada dia de genocídio em Gaza, o estado sionista perde mais apoio. A juventude está começando a entender que o governo americano, incluindo democratas e republicanos, o establishment e o MAGA de Trump dão apoio com armas, dinheiro, política e diplomaticamente ao genocídio que Israel comete. E, com isso, percebe que os EUA também são culpados pelo genocídio em Gaza.
O norte-americano Tim Rusch, coordenador do Instituto Schiller e do Movimento Lareuche, disse que hoje o plano asiático tem força. Temos expandido as nações que compõem os BRICS, com o Egito, Irã, Emirados Árabes, Arábia Saudita, temos também a Rota da Seda chinesa, que são iniciativas na área.
Mohamad Hamzeh, presidente da Casa dos Trabalhadores Iranianos, declamou um poema de sua terra: “Os seres humanos são membros de um todo, na criação, de uma essência e uma alma. Se um membro é afligido pela dor, os outros membros permanecerão inquietos. Se você não tem compaixão pela dor humana, você não merece o nome de humano”. “Esses ataques de agressão têm tirado vida de inocentes, de homens, mulheres e crianças. Têm causado profunda dor às famílias atingidas. Tais crimes não podem e não devem ser ignorados. A guerra não é um caminho para a paz, isso é uma tragédia que destrói o futuro da nação”.

A brasileira, deputada federal pelo PCdoB, Jandira Feghali, afirmou “que estamos enfrentando essa cruel aliança entre o imperialismo norte-americano e o governo sionista de Netanyahu. Isso não é uma guerra, isso é um massacre, um genocídio, uma limpeza étnica. Nós precisamos isolar ainda mais Israel. É preciso ir além e, nesse momento, fazer uma defesa de criação do Estado Palestino. Quero me solidarizar com todas as mães do povo palestino que perdem seus filhos, com as famílias que vêm sofrendo com a fome, porque até a ajuda humanitária está sendo impedida e muitas vezes, utilizada para concentrar a população e exterminá-la”.
Para Hildegard Angel, também brasileira, jornalista e presidente do Instituto Zuzu Angel, “nós estamos vivendo, vendo, assistindo e sendo vítimas de uma nova configuração moral no mundo, com a desumanização, a normalização, a banalização dos martírios, das perversidades, dos assassinatos que Israel comete em Gaza. Envergonha notar o apoio ostensivo das grandes mídias a esse massacre, louvando-se a mídia progressista brasileira e a do mundo inteiro, que têm um papel importantíssimo nesse momento histórico de resistência”.
Tatiana Desiatova, da Organização Esperança Russa de Mulheres, denunciou que Israel, apoiado pelo imperialismo americano e britânico, rejeita há décadas a Resolução da ONU que exige o reconhecimento do direito da Palestina à independência.
Costas Isichos, membro da Secretaria Política de Unidade Popular da Grécia considerou que o encontro internacional é extremamente importante para a humanidade e para a solidariedade internacional. “O trabalho que fazemos hoje nos dá a oportunidade de agradecer à Márcia e a todos do Brasil que estiveram nesta organização. Vamos pensar como fazer algo concreto em solidariedade, como nos organizar para o futuro”.
As mulheres sudanesas estiveram presentes através de Ihsan Fagiri, da Organização das Mulheres Sudanesas, e pediram solidariedade para a sua luta: “A guerra é uma tentativa de abortar a gloriosa Revolução de Dezembro no país. O abuso contra as mulheres foi severo devido à sua notável contribuição para a revolução, carregando as tochas da liberdade nesta maldita guerra orquestrada pelas potências imperialistas e seus agentes regionais”.
Participaram ainda representantes da Palestina, de Gaza, Itália, Portugal, Chipre, Turquia, Senegal, Moçambique, Líbano, República Dominicana, México, Porto Rico, Peru, Panamá, Equador, Bolívia, Colômbia, Argentina, Cabo Verde e Alemanha.
Márcia Campos encerrou o encontro conclamando “todos os presentes a darem continuidade, instituindo um Dia Internacional de Solidariedade, pelo fim do genocídio em Gaza, ao povo palestino, desde milhares de pequenas mobilizações, como afixar bandeiras da Palestina nas igrejas, escolas, clubes, sindicatos, bairros e organizações populares, até a leitura de manifestos e atos públicos. Pressionar as autoridades constituídas a repudiarem e exigirem o fim do genocídio”.
CARLOS PEREIRA