CAIO REARTE*
A agência federal de combate às drogas dos EUA, a Drug Enforcement Agency, é uma piada. É como se você criasse uma agência pra acabar com os supermercados do país. Aí fecha O Dia, Supermercado Barbosa, Supermercado Violeta, mercadinho do bairro… E deixa Wal-Mart, Extra e Carrefour abertos.
Não é culpa de seus agentes. É que quando eles chegam próximos dos barões das drogas, a CIA entra em cena e mela a operação. Se prendem algum, é porque foi feito algum acordo. Estamos vendo isso com “El Chapo”, o maior traficante do México, que está preso, mas não foi acusado de vários crimes que cometeu (ou seja, houve um acordo).
Há vários anos atrás, fizeram o mesmo com Danilo Blandón, da Nicarágua. Quando a DEA ia prender o mega-traficante em flagrante, alguém sempre o avisava – suspeita-se que era a CIA, já que Blandón estava ajudando a financiar o exército dos “Contras” na guerra secreta da CIA na Nicarágua. Eventualmente transformaram Blandón em informante e ele ganhou várias proteções.
Outra mega-traficante protegida pela CIA foi Sonia Atala, uma boliviana. O ex-agente da DEA Michael Levine conta em detalhes como conseguiu ficar próximo dela e descobriu que ela estava negociando toneladas de cocaína para o Ministro do Interior da Bolívia Luis Arce Gomez. Ele estava próximo de atrair para dentro dos EUA o “Ministro da Cocaína”, como Gomez era conhecido, porém sua operação foi sabotada. A CIA fez parte da conspiração pelo golpe de 1980 na Bolívia, que ficou conhecido como o Golpe da Cocaína. Toda a alta cúpula militar estava envolvida no negócio e todos eram considerados “associados” da CIA. Sonia atualmente tem uma nova identidade e está no programa de proteção a testemunhas, mas segundo Levine ela continua traficando.
*Caio Rearte é colaborador do HP e editor do blog caiorearte.blogspot.com Twitter: caiorearte2