João Goulart Filho, candidato a Presidência da República pelo Partido Pátria Livre (PPL), afirmou, na quarta-feira (22), em Campinas, onde esteve cumprindo agenda de campanha, que “o país só sai da crise se enfrentarmos esta violenta concentração de renda existente hoje no Brasil”. “Há populações no Brasil com índices de desenvolvimento humano de Serra Leoa, na África, enquanto alguns bilionários desfilam de iates e jatinhos, sem pagar imposto”, denunciou o presidenciável. “É uma desigualdade social muito grave. Um verdadeiro crime contra o povo. Sem enfrentarmos essa situação, melhorando os salários e as aposentadorias, não haverá crescimento econômico”, acrescentou.
João Goulart caminhou pelas ruas centrais de Campinas acompanhado de lideranças sindicais, comunitárias e políticas locais, além de candidatos à Assembléia e Câmara Federal. Ele cumprimentou diversos campineiros e anunciou aos moradores da cidade que pretende dobrar o salário mínimo em quatro anos. “Vamos investir fortemente no mercado interno. Assim as empresas poderão vender e aumentar a produção. Com isso, estaremos enfrentando o grave problema do desemprego que infelicita mais de 27 milhões de pessoas, segundo o IBGE”, destacou o filho de Jango, que também dobrou o salário mínimo quando foi Ministro do Trabalho de Getúlio. “Quando o meu pai dobrou o salário em 1954 diziam que o país não aguentaria. Não só aguentou, como o Brasil cresceu vigorosamente”, lembrou Jango Filho.
O candidato do PPL denunciou a especulação e a drenagem de recursos para o sistema financeiro e disse que, se for eleito, vai baixar os juros. “Não é mais possível que sejam destinados R$ 400 bilhões para pagamento de juros, enquanto faltam recursos para a educação, a saúde e a segurança pública”, avaliou João Goulart. “Temos que ter taxas de juros no patamar do juros internacionais, que estão em torno de 0,5%”, disse ele. “Como trabalhista, eu não posso admitir também a manutenção da reforma trabalhista que tirou direitos dos trabalhadores. Vamos revogar essa legislação injusta”, garantiu. “Nosso plano é retomar o projeto de Nação interrompido em 1964”, disse Goulart.
Em entrevistas à mídia local, João Goulart enfatizou a necessidade do país aumentar os investimentos. Para isso, segundo ele, “além da queda dos juros, vamos acabar também com a farra das isenções fiscais. Em nosso governo, o agronegócio exportador de commodities terá que pagar imposto”. Goulart afirmou que vai revogar a lei que limitou os gastos públicos por vinte anos e manteve intocados os gastos financeiros. “É um absurdo congelar gastos com os hospitais, as escolas, o saneamento básico, etc, e deixar sem controle as despesas com os juros e o serviço da dívida”, prosseguiu o presidenciável.
Ele disse que o país, ao contrário de congelar, tem que aumentar e muito os investimentos em educação. “Nós temos que universalizar o ensino em tempo integral. Temos que aumentar os salários do professores, que ganham em média, 2 mil reais de salário. Temos que levar tratamento de esgoto para metade da popu88lação que não tem acesso a esse serviço essencial. Isso é uma indignidade. É inaceitável esse congelamento”, observou o candidato do PPL.
SÉRGIO CRUZ