“Essas feministas pequeno-burguesas enxergam a ‘questão da mulher’ de forma completamente separada da luta de classes, como se fosse uma questão independente. Elas querem a igualdade dentro da sociedade burguesa, mas não percebem que essa sociedade é baseada na exploração. Sua luta, portanto, é limitada e ilusória”, em Lenin sobre a Emancipação da Mulher.
A opressão à mulher é o mais repugnante, e por isso mesmo, mais eficaz instrumento de opressão ao conjunto dos trabalhadores e ao povo, tanto do ponto de vista econômico quanto ideológico. É a mais antiga forma de dominação, e certamente, a última a ser superada.
As mulheres do povo carregam o fardo da responsabilidade principal de cuidar da reprodução da força de trabalho, isto é, dos filhos, da casa, dos mais velhos, da alimentação, da saúde, da educação, sem remuneração alguma, no isolamento do trabalho doméstico. Quando vendem sua força de trabalho, o fazem por preço vil, acumulando as duas jornadas e ampliando a mais-valia absoluta, sem que o Estado (a sociedade) assuma as devidas responsabilidades. Como consequência, ficam expostas às humilhações, agressões, assassinatos, injustiças “legais” e a prostituição.
Mas é fato que sem a participação da mulher na vida social, a outra metade do povo não tem força para enfrentar a exploração colonial e do trabalho. Isso quer dizer que, objetivamente, o trabalhador tem interesse na participação e na libertação das mulheres.
Essa libertação, no entanto, será obra do próprio movimento feminino, que se chocará com os grilhões da escravidão doméstica, que é, inicialmente, a forma espontânea da mulher assumir a luta contra sua opressão específica, mas também pela necessidade objetiva da unidade dos trabalhadores. Esse é o caminho para recuperar a autoestima perdida e compartilhar com os companheiros do orgulho de classe. É a forma concreta do movimento de massas das mulheres se acercar das lutas mais gerais de todo o povo pela liberdade e contra a opressão imperialista.
A emancipação completa da mulher, no entanto, só pode se concluir com a libertação nacional e libertação do trabalho. A luta da mulher contra a opressão específica, contra a carestia, por restaurantes coletivos, por creches, educação infantil, enfim, pelas condições de liberar a mulher para a vida social, através do trabalho e sem ter que renunciar à condição de ser mãe.
Por fim, mas não menos importante, se coloca para o movimento de massas das mulheres a necessidade vital de superar a ideologia pequeno-burguesa, o sexismo, que opõe, de forma antagônica, homens e mulheres, portanto aprofunda a divisão do povo. Esse preconceito coloca, como aspecto principal da opressão, a violência masculina e não do Estado de classes e imperialista.
CARLOS PEREIRA