As notícias do mundo econômico têm sinais trocados. Fatos negativos para a produção e o emprego geram euforia entre os parasitas e sanguessugas, ou seja, nas bolsas de valores e no chamado “mercado financeiro”.
Qualquer melhora na vida do país e do povo é noticiada como catastrófica, populista, prejudicial às contas públicas, afronta à Lei de Responsabilidade fiscal, etc.
Senão vejamos. O país registra uma verdadeira débâcle econômica, com o PIB (Produto Interno Bruto) despencando [previsão geral já está abaixo de 1%] e o desemprego explodindo [já são 13,4 milhões de desempregados e 28,3 milhões de subempregados]. Qual é o destaque do noticiário econômico? Reforma avança, dólar cai! Expectativas melhoram!
Empresário de Sergipe se mata com um tiro na boca em plena solenidade com o governador e o ministro de Bolsonaro, por conta da crise e do drama vivido por sua empresa, e o destaque dos “analistas” – na mesma edição da tragédia – é a euforia que tomou conta das bolsas, do dólar e do mercado com as votações das “reformas” na Câmara.
O Banco Central já registrou 18 quedas seguidas nas previsões de evolução do PIB [no 1º trimestre de 2019, ele recuou -0,2%]. A produção industrial já caiu 0,7% no ano. O setor de serviços, que responde por cerca de 76% da formação do Produto Interno Bruto (PIB), encolheu -1,7% no 1º trimestre.
Neste quadro, quais são as notícias? Comemorações no sistema financeiro: “lucro dos maiores bancos do Brasil cresce 22% no 1º trimestre e soma R$ 20 bilhões”, diz uma dessas manchetes.
Ou seja, a desgraça do povo, e de quem produz, é a alegria dos parasitas, e vice-versa. “A euforia toma conta da Bovespa com o avanço da Reforma da Previdência”, dizem uns. “O real não para de subir com as votações no Congresso”, comemoram outros. Quanto mais direitos são cortados, maior é a “euforia”.
Basta o Congresso Nacional esboçar alguma reação contra alguns descalabros mais exagerados de Guedes, para as coisas se inverterem. Congresso é irresponsável! Vão quebrar o país! São contra o ajuste fiscal, etc.
Quando admitem o caos, a “culpa” é do aposentado, do trabalhador, do empresário. Todos, professores, policiais, servidores são privilegiados! Idoso incapaz não pode receber salário mínimo. O trabalhador se aposentar antes dos 65 anos é inaceitável, esbravejam. São esses escribas os mesmos que difundem a farsa do déficit da Previdência.
Sobre a transferência de R$ 1 trilhão por ano do orçamento para juros e amortizações aos bancos, nenhuma palavra. Só aplausos para Guedes e o seu arrombamento trilionário dos cofres da Previdência. Ou seja, a ordem é atacar o povo e aplaudir os ladrões. Como dissemos, está tudo de ponta cabeça.
SÉRGIO CRUZ