MARIO DRUMOND
Para começar é preciso colocar as coisas como elas são, de fato, no território ucraniano: a Rússia não invadiu nem está invadindo a Ucrânia. A Rússia iniciou uma operação especial militar para defender a Ucrânia da invasão nazifascista-otaniana ali iniciada em 2014.
É, portanto, por parte da Rússia, uma estratégia de defesa e não de ataque.
E isto é o que Putin não cansa de repetir a todo momento e, ao que parece, ninguém ouve, ninguém vê, ninguém entende. Ou não quer ouvir, não quer ver, não quer entender. E o pior cego é o que não quer ver – diz o ditado.
Mas a Ucrânia não é o grande problema da Rússia (e da humanidade) neste momento histórico. É uma (pequena) parte dele.
No plano estratégico-global, a Rússia e a China estão unidas em uma guerra (oculta e não convencional) contra a Terceira Guerra Mundial, a qual é considerada pela Otan como a única chance de salvação do império capitalista anglo-sionista e, também, de sua própria razão de existir. Mas este nosso (da humanidade) inimigo sabe que, a cada dia que passa, são menores as suas possibilidades de conseguir deflagrá-la, que é só o que lhe importa agora e a qualquer custo, pois o êxito (vitória) já não lhe é alcançável.
Desde a invasão na Ucrânia em 2014 que a Otan (e seu donos) vem buscando, por todos os meios, ou provocar a Rússia para iniciá-la ou encontrar um motivo para tal “por culpa da Rússia”. Pela tática de provocação a Otan somente conseguiu da Rússia, nas inúmeras tentativas feitas ao longo de todos esses oito anos, uma “operação especial” restrita ao território da Ucrânia e à defesa de suas origens russas, o que, pelo aspecto puramente regional e quase caseiro da questão, não justifica por si só o almejado apocalipse otaniano.
Ainda assim, o “ataque” (ou “invasão”) russo foi inesperadamente realizado com muita parcimônia e moderação, exclusiva e cirurgicamente voltado a objetivos militares além da evidente preocupação pela preservação de vidas e infraestruturas civis. E a coisa começou a se arrastar e a demorar mais do que a Otan esperava.
E a Otan tem pressa, muita pressa.
Já não é necessário o concurso de especialistas para que se verifique o cada vez mais evidente desmoronamento dos pilares de sustentação do capitalismo financeiro anglo-sionista, que, por sinal, são os mesmos que sustentam a Otan e a indústria bélica ocidental. A ruína desse mundo de crueldade absoluta se percebe muito próxima e com ela o desespero de seus beneficiários, ainda muito poderosos e capazes de causar grande destruição, dano e sofrimento humano, que já estão perpetrando abertamente, sem nenhuma preocupação de encobrimento.
Sem mais nem menos, em meses recentes, os porta vozes desse maldito império através de seus MSM (mídia mainstream) começaram a vociferar que “a Rússia não pode ganhar” na Ucrânia com sua SMO (Special Military Operation).
Por que não? – ninguém pergunta. Não pode, pronto e acabou!? E, se ganhar? – também ninguém pergunta, mas a Otan desde o início da SMO começou a se preparar para a vitória da Rússia, que para ela quanto mais rápida viesse melhor, para justificar a deflagração da grande guerra, pois “a Rússia não pode ganhar” (e se ganhar vamos recuperar a Ucrânia, subentende-se) e toda a população de cérebro lavado na Europa e nos EUA (os 99%) concorda categoricamente com o “axioma” mil vezes repetido pela boca de cada mandatário e outras autoridades de alto escalão de todos os países da Otan.
Mas, diabos, a Rússia quase ganhou, mas não ganhou… E agora parece estar perdendo??!!…
E a Otan precisa dessa nova guerra mundial imediatamente, antes do inverno na Europa sem combustível russo, meu Deus!
A janela do tempo está se fechando para a Otan justificar a almejada Terceira Guerra Mundial de todos os países da Otan contra a Rússia e depois contra a China. Uma guerra que iria justificar o frio e a fome dos 99% europeus durante o inverno, claro, porque “a Rússia não pode ganhar” e tudo “pela salvação da democracia”. Afinal, “guerra é guerra”.
Mas justo agora a Rússia resolve a recuar, a perder? Se a Rússia não ganhar, como a Otan vai poder justificar a sua guerra total? A Ucrânia não devia ganhar? Está ganhando…
Para este que escreve estas linhas, o que acima foi exposto sempre foi a explicação mais clara e plausível de toda a estratégia russa desde o início da SMO no território ucraniano. O excesso de zelo na escolha de alvos, a lentidão das manobras operacionais, a economia de tropas no terreno, a aparente indecisão ou fraqueza da operação diante de um inimigo claramente inferior, a pouca preocupação e a inconsistente defesa contra os ataques informacionais do MSM, entre outros aspectos obscuros ao entendimento público, tem deixado os analistas estupefatos, atrapalhados ou até constrangidos (quase todos, os pró-russos e os pró-fascistas, os competentes e os “de sofá”).
Enquanto isso, no plano macro, o Kremlin assumiu o controle da situação e do poder mundial.
Todos os olhos e os ouvidos do mundo estão atentos ao misterioso edifício de Moscou, onde Putin despacha, calmo e satisfeito. Ninguém sabe o que ele e a cúpula que o cerca juntamente com o Estado Maior de suas poderosas Forças Armadas vão dizer ou mandar dizer ou fazer amanhã, depois de amanhã, na próxima semana, no próximo mês ou sabe-se lá quando em qualquer momento futuro. Pois a história recente demonstra que cada movimento desse time de gênios estadistas é sempre uma surpresa para o mundo e motivo de esperança para as grandes maiorias e de desespero para o reduzido grupo dos inimigos da humanidade.
Enquanto a ruína política, econômica, social, cultural e moral do “Ocidente” se desnuda diante do mundo e se adianta também na direção de sua ruína militar e da decomposição de seus imundos castelos de areia (reais e virtuais), a Rússia caminha para encerrar este ano de 2022 como grande potência mundial indiscutível e, junto com a China, consolidará, nos próximos anos, a nível global e bem alicerçada no direito internacional, a já de fato inaugurada (por brilhante estratégia geopolítica do Kremlin) multipolaridade econômica, política e cultural internacional, viabilizando-se assim o sonho de soberania e identidade nacional das revoluções democráticas em todo o mundo.
E tempo não faltará para os russos resolverem seus problemas com o nazifascismo que ocupou a Ucrânia, o que historicamente está demonstrado.
Belo Horizonte, 11 de setembro de 2022 (triste data).
PS – pretendo continuar.
Matéria excelente que nos informa nesse mar de desinformação dos jornalões.