
Os trabalhadores foram as maiores vítimas do fascismo tupiniquim.
A unidade do movimento sindical contra a reforma da dupla Temer/Bolsonaro, hoje, é uma questão de vida ou de morte. Bater junto no que é fundamental, concentrar no que for unitário é o caminho para o renascimento. Dispersar energia, dividir as forças, se iludir de que é possível dar qualquer avanço apoiado no vácuo dos impulsos do Bolsonaro, é ilusão que ajuda ao fascismo.
Espaço existe. Lula venceu as eleições. A Frente Ampla Nacional derrotou o golpe. A PEC da transição (que liberou 180 bilhões de reais para Lula começar a governar) e as duas reformas (arcabouço fiscal e Reforma Tributária), propostas pelo governo, foram aprovadas no Congresso. Muita gente fina, da cúpula social, que se aproveitou da barbárie bolsonarista, está colocando as barbas de molho.
Lula fez compromisso na campanha eleitoral de rever o que fosse possível. Uma das primeiras medidas, depois da posse, foi criar três grupos de trabalho tripartites, sendo um deles para formular uma proposta de reforma sindical e trabalhista. Os outros foram de valorização do salário mínimo e regulamentação dos trabalhadores em aplicativos.
As reformas trabalhistas tramadas e levadas à prática por Temer e Bolsonaro foram devastadoras. Se aproveitaram do maior desemprego de nossa história (a metade da força de trabalho jogada na informalidade) para escrachar os trabalhadores. Cortaram quase integralmente o financiamento dos sindicatos. Inventaram a “negociação individual”. Desmontaram o Ministério do Trabalho. Aumentaram a jornada de trabalho. Criaram o trabalho intermitente (o operário regride à condição de servo, fica à disposição do patrão e só ganha o que trabalha). Legalizaram a terceirização sem limites, criadouro de trabalho análogo ao escravo. Obstaculizaram ao limite o acesso à Justiça trabalhista.
A negociação coletiva virou uma humilhação para os dirigentes sindicais. Desobrigaram a homologação (um freio às fraudes nos direitos trabalhistas) ser feita no sindicato. Acabaram com a ultratividade, que mantinha o acordo anterior até que se chegasse a um novo. O pedido de dissídio à Justiça, só por consenso, ou seja, nunca.
A mobilização dos trabalhadores é muito importante para tirar o Brasil do buraco em que foi metido por Bolsonaro e retomar o desenvolvimento econômico de uma grande nação. Mas não há como cumprir este papel sem superar seu próprio buraco.
CARLOS PEREIRA