
Diante da grave crise provocada pela política econômica do governo Bolsonaro, a sociedade tem se articulado cada vez mais para combater a carestia que voltou a assombrar as famílias brasileiras. Nesta sexta-feira (29), entidades do movimento de moradia, movimento sindical, de mulheres, de negritude e lideranças partidárias realizaram uma atividade de lançamento da campanha “Abaixo a Carestia que a Panela Está Vazia” em São Miguel, Zona Leste da capital paulista.
A campanha surgiu no final do ano passado por iniciativa do Movimento de Defesa da Moradia (MDM), na zona sul da capital paulista, e tem se expandido para toda a cidade, aglutinando grupos e entidades. A atividade, que contou com um carro de som, panfletagem e faixas, teve por objetivo conversar com a população que passava pela Praça do Forró, ponto central do bairro.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) participou do ato e responsabilizou o governo Bolsonaro pelo aumento desenfreado do custo de vida da população brasileira. “Esse desgoverno precisa ter fim! O povo não aguenta mais os preços dos alimentos e dos itens básicos. Precisamos que a população tenha melhores condições de vida”, declarou.

“A recepção das pessoas foi muito boa e isso demonstra que estamos no rumo certo! Nosso desafio agora é aglutinar ainda mais lideranças para mobilizar o povo para combater a carestia. A campanha na Zona Leste só está começando”, disse o ex-deputado estadual e sindicalista Alcides Amazonas, presidente municipal do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
“A campanha tem por objetivo denunciar a política do governo Bolsonaro, que tem provocado o aumento no desemprego e da fome. Acreditamos que a campanha está crescendo porque está em sintonia com o sentimento do nosso povo que sofre com a miséria, com o desemprego, com a fome. E a forma da gente resolver estes problemas é colocando o povo na rua. Não adianta a população reclamar dentro de casa, é preciso participar do movimento”, destacou Amazonas.
“Esse movimento vai ser vitorioso porque está em sintonia com o sentimento do nosso povo que tanto sofre com a política econômica implementada em nosso país”, completou.
A campanha denuncia a alta da inflação, provocada especialmente pela elevação dos preços dos combustíveis, dos alimentos e do gás de cozinha, aliada ao crescente desemprego, que tem condenado uma parcela cada vez maior da população à fome. No último período, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o preço das cestas básicas, apenas com itens essenciais, já chega a R$ 713,86, o equivalente a 63% do salário-mínimo líquido.
José Aparecido de Souza, diretor do Sindicato dos Condutores de São Paulo (Sindmotoristas), afirma que “temos o entendimento de que é preciso que o movimento sindical esteja junto com as demais entidades porque o salário e o poder aquisitivo dos trabalhadores está sendo engolido por esse monstro que é a carestia. Hoje, as campanhas salariais estão longe de atender necessidade de reposição deste poder aquisitivo porque , ainda que as negociações garantam a reposição da inflação, os preços aumentam mais a cada dia.”
Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou em 1,73% em abril, após ter registrado taxa de 0,95% em março. O índice é considerado uma prévia da inflação oficial do país. Essa é a maior taxa para o mês de abril desde 1995, quando ficou em 1,95%.
Para José, a luta contra a carestia tem a condição de unir trabalhadores de todas as áreas, formais e informais, desempregados e comerciantes, pois tem assolado o conjunto do povo. “Nós precisamos mobilizar toda a população, não podemos apenas reclamar em casa. Essa reivindicação tem que ser coletiva e tem que tomar as ruas”, disse.