Brasil e China emitiram comunicado informando que não enviarão representantes para a conferência na Suíça pela falta de convite à Rússia
O assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim, reiterou, em entrevista neste sábado (1) ao site Sputnik, a postura do Brasil em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia. “A paz só será encontrada pelo diálogo”, destacou o ex-chanceler brasileiro.
Amorim voltou a negar que o Brasil se posicione do lado russo e enfatizou que a busca pela paz deve ser guiada pelo diálogo, ressaltando a neutralidade do país em questões de preferência ou alinhamento entre as nações envolvidas. Em recente encontro como ministro das relações exteriores da China, os dois países divulgaram comunicado defendendo que a Rússia não poderia ficar de fora de qualquer iniciativa de entendimento.
O assessor de Lula frisou que a posição brasileira não envereda por uma escolha entre Rússia e Ucrânia, mas sim de um esforço genuíno para contribuir para a paz na região. “O que nós [Brasil] achamos é que, independentemente dos méritos (de ambos os lados que têm que ser levados em conta, mas não são os únicos fatores), a paz só será encontrada pelo diálogo. E o diálogo envolve, necessariamente, as duas partes”, defendeu em declaração à Sputnik.
Amorim destacou a complexidade das circunstâncias que envolvem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e as preocupações de segurança da Rússia, questões que remontam a tempos anteriores ao comunismo e à dissolução da União Soviética. Segundo ele, esses fatores históricos devem ser considerados para uma compreensão mais ampla do conflito.
“A negociação é indispensável e os princípios da Carta da ONU têm que ser levados em conta no seu conjunto, como tem ocorrido em outras situações, incluindo a questão das autodeterminações dos povos”, acrescentou. As declarações de Amorim vêm numa espécie de contraponto às declarações de Vladimir Zelensky à olha de S. Paulo. O fantoche ucraniano insinuou que o Brasil estaria alinhado mais à Rússia do que à Ucrânia.
Zelenski queria que o Brasil apoiasse os seus intentos e os de Washington e se frustrou. “Não entendo, não entendo”, afirmou. “Diga: por acaso, presidente Lula, por acaso não quer ter essa aliança? Por acaso o Brasil está mais fechado com a Rússia do que com a Ucrânia? A Rússia nos atacou. O Brasil tem de estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor, em nome do resto do mundo. Uma amizade com alguém que tem uma ideologia e uma visão fascistas não pode trazer benefícios”, disse ele.
Durante oito anos os fascistas ucranianos bombardearam initerruptamente a região de Donetsk no leste do país, matando milhares de civis de origem russa. Agora que os EUA perceberam que no campo de batalha a OTAN está tomando uma surra dos russos, eles organizaram uma conferência farsa na Suíça, sem a presença da Rússia.
Brasil e a China não pretendem apoiar a articulação montada pelo Ocidente para tentar isolar diplomaticamente a Rússia. O Brasil decidiu que não vai enviar representantes de alto escalão ao evento. Na semana passada, o assessor especial de Lula para a política externa, Celso Amorim, e o chanceler chinês, Wang Yi, divulgaram um comunicado em que destacavam a necessidade da presença de Moscou em quaisquer negociações sobre o conflito.