Em entrevista concedida no domingo (25) à jornalista Irada Zeynlaova, do canal de televisão russo NTV, o presidente sírio, Bashar Al Assad, afirmou que não há lugar na reconstrução da Síria para os países ocidentais, que bancaram e armaram os terroristas que devastaram o país. “Não farão parte, seja com dinheiro, sem dinheiro, sob empréstimo, doação ou concessão, seja o que for. Não precisamos do Ocidente e não permitiremos que façam parte da reconstrução. O Ocidente não age com honestidade, não dá nada, só tira”.
Zeynlaova havia feito a observação de que o custo estimado da reconstrução é de US$ 400 bilhões. Assad lembrou as primeiras negociações da Síria com os EUA em 1974: “nunca conseguimos nada em qualquer assunto”. Ele acrescentou que o problema dos presidentes americanos é que eles são “reféns de seus lobistas, da grande mídia, das enormes corporações, das finanças, petróleo, indústria bélica”.
“Não temos essa posição sobre os americanos só porque são americanos” e estamos prontos a discutir “com qualquer um” que possa ser produtivo, acrescentou. Ele apontou que “não há porque acreditar que a política americana será diferente no futuro previsível”.
Questionado pela jornalista russa sobre eventual risco da “volta do Estado Islâmico ou da Al Qaeda”, Assad retrucou que estes são decorrências da ideologia extremista promovida durante cinco décadas pelos wahabitas sauditas com apoio político dos Estados Unidos e do Ocidente em geral, juntando um aspecto supostamente religioso e, outro, político. “Não é algo espontâneo”, assinalou.
Quanto a “retornarem”, Assad considerou uma possibilidade, “porque serão usados repetidas vezes pelas potências ocidentais, mas talvez sob marcas diferentes”. Como lembrou, “esses poderes estavam no Afeganistão trinta anos atrás e Reagan os chamou de guerreiros sagrados, não os chamou de terroristas. Agora são chamados de terroristas, mas eles estão usando esses terroristas”.
Sobre as montagens do uso de armas químicas, como em Ghouta e outras áreas, Assad ressaltou que “desde 2013 não temos armas químicas e mais: quando você está ganhando a guerra, não há porque usar essas armas e, na verdade, toda a vez que estivermos vencendo eles inventarão isso para justificar a intervenção. Esta é a nova lógica, que é usada como pretexto para apoiar os terroristas na Síria.