O setor de defesa nacional vive uma grande crise porque o Brasil deixou de investir em sua “capacidade industrial e abriu mão de garantir a sua plena capacidade de se defender ante qualquer ameaça”, diz especialista
Reportagem do site de notícias Sputnik Brasil desta quarta-feira (14) revela que a Avibras, empresa de equipamentos de defesa brasileira considerada estratégica pelo Ministério da Defesa, vive a pior crise de sua história. Em recuperação judicial, a maior fabricante de material bélico do Brasil, dona de um arsenal que inclui mísseis, blindados e lançadores de foguetes, tem uma dívida de R$ 640 milhões.
AVIBRAS EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A empresa pediu recuperação judicial em março deste ano depois de demitir 400 de seus 1.400 funcionários. O professor Eduardo Siqueira Brick, de Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança na Universidade Federal Fluminense (UFF), foi entrevistado pelo Sputnik e afirmou que isso ocorre porque as Forças Armadas do Brasil, há décadas, agem como se estivem presas em um ciclo vicioso, negligenciando a capacidade de logística e defesa do país.
A Avibras minimiza a gravidade da situação e afirma que se empenha “na retomada dos negócios, com foco no desenvolvimento de novos mercados e na sustentabilidade empresarial” e não confirma nem nega que possam haver mais cortes de funcionários.
Esse quadro grave significa que o Brasil deixou de investir em dois pontos críticos para garantir a sua plena capacidade de se defender ante qualquer ameaça. Como aponta Siqueira Brick, são eles: “capacidade industrial, para conceber e fabricar armas para as Forças Armadas; e a capacidade de suprir unidades durante um combate, promovendo o abastecimento de munições, peças sobressalentes, alimentos e combustíveis”.
REPENSAR INVESTIMENTOS EM DEFESA
Hoje, se o Brasil entrasse em guerra, qualquer mobilização mais longa para o Exército Brasileiro dependeria da boa vontade da OTAN. Para Siqueira Brick, existem muitos imperativos geopolíticos exigindo, neste momento, que o Brasil repense todo o seu investimento em Defesa. Para além dos riscos que se escondem em nossa incapacidade de prever uma futura agressão, regra atemporal para qualquer exército no mundo, “a dependência de outros países é um erro crasso, crítico, que pode mudar o curso de um conflito”, afirma o especialista.
“Toda tecnologia militar que o Brasil tem hoje é fornecida pelos países da OTAN, que inclusive está apresentando uma postura cada vez mais proativa na questão climática, sobretudo com relação à Amazônia. Só por aí, precisaríamos estar mais preparados. Além disso, é preciso sempre levar em conta que enfrentaremos inimigos mais fortes, e não mais fracos”, disse ele.
SETOR DE DEFESA PARADA NO TEMPO
Segundo a reportagem, nos últimos anos, o Exército Brasileiro modernizou a frota de suas três forças priorizando contratos junto a consórcios internacionais ligados à aliança militar da OTAN. A compra mais recente envolveu a aquisição de 98 veículos blindados da Itália por cerca de R$ 5 bilhões. Para o analista militar, isso evidencia que a defesa do Brasil está quatro décadas parada no tempo.
Siqueira Brick apontou que países com economia menor, “como Coreia do Norte, Irã e Turquia, conseguiram desenvolver uma indústria nacional própria de defesa” com avanços bastante satisfatórios. Em seguida, ele enfatizou que os três países conseguiram esses avanços apesar de correrem contra o tempo, “enquanto lidam com conflitos” e pequenas tensões regionais.
O problema do Brasil, diz ele, é que “Exército parou no tempo”. Apesar de viver em paz com outros países há anos, a instituição está em inércia. “Falta conhecimento para os militares brasileiros. O Ministério da Defesa colocou no principal documento de defesa do país que não é imperativo o desenvolvimento de uma indústria para assuntos militares”, comentou.
Além disso, diz ele, falta vontade política. O especialista lembrou o histórico caso francês, que só foi “criar o chamado Ministério do Armamento depois de ser invadida pela Alemanha, quando se reconheceu que não havia mais tempo para resistir à invasão das forças nazistas”.
PAÍS POSSUI ENGENHEIROS E PROFISSIONAIS QUALIFICADOS
Siqueira Brick ressalta que o Brasil, por um lado, dispõe de uma grande quantidade de engenheiros e profissionais formados nas academias militares, que poderiam servir de mão de obra para uma indústria nascente, “os profissionais de logística de defesa”.
O problema, entretanto, é a falta de vontade política para criar um novo órgão para gerir o Ministério da Defesa e as Forças Armadas de forma conjunta, estabelecendo planos, metas e, principalmente, “as condições para o desenvolvimento de uma zona industrial de defesa voltada a suprimir as necessidades de combate das Forças Armadas”.
DEFESA É CHAVE PARA SOBERANIA NACIONAL
Citando algumas empresas que passaram por graves crises nos últimos anos, como os casos emblemáticos da MECTRON e da Avibras, Eduardo Siqueira Brick reconhece que retomar o desenvolvimento de uma indústria que parou no tempo “é um processo de décadas”, que passa também pela modernização da infraestrutura que já existe.
Para começar, ele aponta que é necessário tomar uma decisão política, que virá necessariamente de Brasília: “Politica de defesa não é atribuição das Forças Armadas, mas, sim, do Estado do Brasil. As Forças Armadas são instrumentos de defesa”.
Em segundo lugar, é imperativo criar um orçamento de gestão de defesa, com soluções e compromissos para sustentar a capacidade operacional de combate das tropas e a capacidade de assegurar a elas o arsenal de guerra do Brasil.
“Os meios atuais ficam obsoletos muito rapidamente, e quando chega a hora de usar, eles não são mais necessários”, disse Siqueira Brick, acrescentando que, em tempo de paz, “você deve aproveitar a janela de oportunidade para priorizar essa força de defesa”.
“Construir uma Embraer demora três décadas. Agora, quem define isso são as Forças Armadas, e elas preferem ter Centauros, Guaranis. Essa mudança precisa vir de cima. O Brasil precisa ter, pelo menos, 30% do seu orçamento de defesa para pesquisa e desenvolvimento. E depois desenvolver planos para conseguir tecnologias de mísseis, submarinos e outras armas”, afirmou.
QUAL É A REFORMA NECESSÁRIA NA LOGÍSTICA DE DEFESA DO BRASIL?
Na avaliação do analista militar, a palavra de ordem para o Brasil “é a reforma na logística de defesa”. Ele explica que o país precisa se livrar de sua dependência do arcabouço internacional da OTAN, “que cerceia o aparecimento de uma indústria nacional voltada para assuntos militares”, pois ninguém compartilha tecnologia de guerra moderna no mundo de hoje.
Para que a reforma aconteça, o país precisa compreender “alguns conceitos que são fundamentais e óbvios: para defender os interesses e soberania de um país do tamanho do Brasil, nossa capacidade militar precisa de dois componentes. Um deles é capacidade operacional de combate, para enfrentar ameaças no campo de batalha”, disse ele.
Para isso, diz o analista, é preciso ter capacidade de logística defensiva, que passa pelo desenvolvimento de uma indústria nacional de defesa, apta a conceber e fabricar armas para as Forças Armadas e suprir as unidades e tropas durante um combate. “Tão importante quanto a Marinha ter uma frota, é o país ter uma indústria para fornecer esses meios”, avaliou.
É NECESSÁRIO CRIAR INCENTIVOS
Neste sentido, dado o processo de desindustrialização histórico no país, “é preciso criar incentivos” para novos empreendedores do setor, com condições melhores do que “deixar de pagar imposto para vender para as Forças Armadas”. Segundo Siqueira Brick, o governo federal erra ao “não garantir mercado para os novos empresários do segmento, e isso é um reflexo do que estamos vendo com a crise da Avibras”.
“Com relação às empresas privadas, não pode dar autonomia ‘para fazer o que quiser’, e nem deixar essas empresas entrar em falência. O Estado precisa dar 100% da garantia de demanda. E enquanto não tiver esse arcabouço, uma entidade para controlar a indústria que fornecerá as Forças Armadas, o Brasil não terá inovação”, avaliou.
“O grande problema é que não existe compromisso do Estado com a sobrevivência dessas empresas”, apontou, acrescentando que falta coordenação mesmo entre os militares do alto escalão do Exército. “Falta uma autoridade para desenvolver a base industrial do país. São 15, 18 autoridades, entre generais de quatro estrelas, ou mesmo civis, e não tem um comando comum. Isso é completamente diferente do que existe no resto do mundo”.
Fonte Sputnik Brasil
Sem ser especialista, mas como cidadão de olhar crítico, observando o cenário mundial desde 1980, vejo que na última metade da década tivemos a oportunidade de fazer a pesquisa e o desenvolvimento de alta tecnologia de Defesa embarcada e autopropulsada, mas manter uma guerra por meses e anos está muito longe de nossa capacidade atual, e, não adianta querer achar um culpado, pois o binômio necessidade possibilidade não estão presentes. Qual a necessidade das forças armadas atualmente se prepararem para uma guerra eminente e quem são nossos reais inimigos, as FFAA tem possibilidade de pagar por isso?
Quando a guerra chega, o tempo de preparação já se esgotou. Um exemplo contemporâneo é a “Operação Especial Russa no território Ucraniano e o demorado tempo de resposta da OTAN frente aos últimos oito anos de preparação do governo Russo, que agiu contra a agressão putativa com um delay de atraso muito grande; ou seja, nem um e nem o outro estavam preparados realmente no aspecto logística e humano, sem falar de outras áreas como a logística caótica contemporânea.
O que vemos e realmente importa é a capacidade de pronta resposta as FFAA através da Estratégia Nacional de Defesa e seus colaboradores também investiram na capacitação e certificação paulatina de cada Brigada e será isso que fará a real diferença através da FORPRON (Força de Pronta Resposta) como o Batalhão Aeromóvel que envolveu outras Brigadas na CORE 22 e sua continuidade, a Marinha e a FAB tiveram sucesso, assim como o Exército no planejamento e início da aquisição dos meios necessário, para essa pronta resposta e se alinharam na preocupação da questão logística, mas ainda vejo como retrógrada a questão de nosso Exército não ter autorização para possuir, gerir e adquirir capacidade de deslocamento rápido através de Asas Fixas, dependendo da FAB.
A Mectron, AVIBRAS, EMBRAER, Imbel, CBC, entre outras tem que sobreviver e ainda se modernizarem de acordo com a necessidade futura, mas a previsão logística ainda cabe a política interna cujo Congresso Nacional precisa se debruçar e trabalhar para criar legislação que fomente nossa industria de Defesa, mesmo que grande parte dela, seja privada. A missão das FFAA tem sido cumprida a contento,
O governo brasileiro e burro isso e culpa do PT vender a avibras foi a pior coisa que o Brasil fez agora vai ficar MT mais caro em comprar acho que o Brasil deveria ter investido em tecnologia defesa temos que ter o melhor equipamento militar da América como estão as coisas hj em dia em questão de guerra acho que os políticos acham que nunca teremos uma guerra