“A sociedade russa se consolidou, desde o poder executivo e legislativo, até todos os seus níveis. Uma posição firme e inequívoca em apoio à ordem constitucional foi assumida por organizações públicas, confissões religiosas, principais partidos políticos, na verdade, toda a sociedade. Todos se mantiveram unidos, atuaram juntos pelo mais importante – a responsabilidade pelo destino da pátria”, afirmou Putin em discurso aos russos na noite de 26 de junho, assim que foi parado o motim de integrantes do grupo Wagner PMC.
O chefe de Estado da Federação Russa ressaltou que desde o início da rebelião, as autoridades tomaram “todas as decisões necessárias para neutralizar a ameaça que havia surgido, para proteger a ordem constitucional, a vida e a segurança de nossos cidadãos.”
Putin afirmou que os amotinados se viram sem chance desde o início. “Uma rebelião armada teria sido reprimida de qualquer maneira. Os organizadores da rebelião, apesar da perda de sentido, não podiam deixar de entender isso. Eles entenderam tudo, inclusive que realizaram atos criminosos, para dividir e enfraquecer o país, que neste momento enfrenta uma ameaça externa colossal, uma pressão externa sem precedentes”, constatou.
Era precisamente esse resultado – fratricídio – que os inimigos da Rússia queriam: tanto os neonazistas em Kiev quanto seus patronos ocidentais e todos os tipos de traidores nacionais, lembrou o presidente listando os inimigos.
“Eles queriam que os soldados russos matassem uns aos outros, que militares e civis morressem, para que no final a Rússia perdesse e nossa sociedade se dividisse, sufocasse em sangrentos conflitos civis”, disse.
“Agradeço a todos os nossos militares, policiais, serviços especiais que se colocaram no caminho dos rebeldes, permaneceram fiéis ao seu dever, ao seu juramento e ao seu povo”, disse Putin.
“A coragem e o auto-sacrifício dos pilotos-heróis caídos salvaram a Rússia de trágicas consequências devastadoras”, acrescentou.
OPÇÕES PARA ESCOLHER
Sobre a maioria dos combatentes do grupo Wagner, o presidente assinalou que “eles tentaram usá-los no escuro contra seus irmãos de armas, com quem lutaram juntos pelo bem do país e de seu futuro”.
Disse que os mercenários tiveram tempo para “pensar com a própria cabeça” e não participar da “aventura”.
Vladimir Putin deu a eles duas opções para escolher: “Hoje você tem a oportunidade de continuar servindo à Rússia assinando um contrato com o Ministério da Defesa ou outras agências policiais, ou de retornar para sua família e amigos”. “Quem quiser pode ir para a Bielorússia”, acrescentou.
No final de sua colocação, o dirigente russo agradeceu a Alexander Lukashenko, presidente da Bielorússia , “pelos esforços e contribuição para a resolução pacífica da situação”.
SOLDADOS IMPEDIRAM UMA GUERRA CIVIL
“Vocês protegeram a ordem constitucional, a vida, a segurança e a liberdade dos nossos cidadãos. Salvaram a nossa pátria da agitação e, de fato, pararam a guerra civil. Em uma situação difícil, vocês agiram de forma clara e coesa, provando sua lealdade ao povo da Rússia, ao juramento militar e mostrando responsabilidade pelo destino da pátria e seu futuro”, afirmou Putin, nesta terça-feira (27), em discurso aos militares, às forças policiais e a outras agências de segurança que ajudaram a parar o motim armado. O chefe de Estado os encontrou pessoalmente na Praça da Catedral, no Kremlin.
Putin enfatizou que, graças ao trabalho coordenado dos militares durante a tentativa de motim, “não tivemos que retirar unidades de combate da zona da operação militar especial na Ucrânia”.
O presidente russo também apontou que os indivíduos que foram envolvidos nesse motim viram que o Exército e as pessoas não estão com eles.
Segundo ele, o rápido e claro desdobramento das Forças de Segurança impediu o desenvolvimento extremamente perigoso da situação no país e evitou vítimas civis.
“Nossos companheiros e pilotos perderam a vida no confronto. Eles não vacilaram e honrosamente cumpriram a ordem e seu dever militar”, registrou, declarando um minuto de silêncio em memória dos aviadores mortos em decorrência do motim de 24 de junho.