O cantor Ruy Faria, ex-integrante e um dos fundadores do grupo MPB4, morreu aos 80 anos, na tarde de quinta-feira (11), no Rio de Janeiro. Cantor, compositor e produtor musical, Ruy Faria nasceu em Cambuci (RJ) em 31 de julho de 1937. Em 1964, integrou o Conjunto do CPC, que depois se tornaria o MPB4, que manteve sua formação até 2004.
Após o fim do MPB4, Ruy Faria lançou um álbum com o compositor Carlinhos Vergueiro, seu último trabalho em estúdio. Em 2008, ele adaptou e dirigiu o espetáculo musical “Calabar”, de Chico Buarque e Rui Guerra, em Niterói.
A informação de sua partida foi compartilhada pela ex-mulher dele, Cynara Faria no Facebook. “Pedimos a todos que elevem os seus pensamentos para um homem que valorizou a alegria de viver, o bom humor, a amizade e principalmente a criatividade. Vamos lembrá-lo sempre com esses requisitos que eram a sua marca”, escreveu.
O grupo se formou no início da ditadura, em meados de 1964. Aquiles, Magro, Ruy e Miltinho integravam o Centro Popular de Cultura, da União Nacional dos Estudantes – UNE. Rui acabara de se formar em direito e já trabalhava. Aquiles era estudante secundarista. Magro e Miltinho eram estudantes do 3.º ano de Engenharia da Universidade Federal Fluminense – UFF.
Ruy Faria era escriturário da antiga agência do Instituto de Assistência e Previdência Social – IAPS e trabalhava na noite carioca em dois grupos vocais. Ele tinha sido ”crooner” em Santo Antônio de Pádua, Rio de Janeiro. Como era mais velho, no início da carreira tornou-se tutor de Aquiles que era menor.
Os integrantes do MPB4, já desde o início, tornam-se ativistas de uma música combativa e identificada com o povo brasileiro. Ele queriam fazer da da música um instrumento de luta pela democracia. Defendiam uma arte que exaltasse o povo brasileiro e seus costumes e, principalmente, a crítica à situação política do país, imerso na Ditatura Militar. Desta maneira, entraram em seu repertório, sambas e as músicas de protesto.
Em 1965, resolvem ser músicos profissionais e viajam para São Paulo. Já tinham gravado o compacto simples “Samba Bem”, em 1964, pelo selo Elenco. Lá, entram em contato com artistas recém-lançados na época, como Chico Buarque, Nara Leão, Sidney Miller, Quarteto em Cy, entre outros.
Iniciou-se nesta época uma parceria com Chico Buarque que durou aproximadamente dez anos. Durante esse período, o MPB4 firmou sua musicalidade e acompanhava-o em suas apresentações como escudeiro musical, com boas interpretações das composições de Chico, que já foi considerado como o “quinto integrante de um quarteto”. Um dos maiores destaques nessa década são as músicas “Quem te viu, quem te vê” e “Roda Viva”, ambas de 1967.
A composição vocal do MPB4 até 1968 era: Ruy, 1.ª voz; Magro, 2.ª; Miltinho, 3.ª; e Aquiles, 4.ª voz. A partir de então, quando Aquiles estudou belcanto (impostação vocal), sua professora discordou da sua posição nas vozes do quarteto e sugeriu a troca das posições vocais. Então, Miltinho, ficou com a 4.ª voz, e Aquiles, com a 3.ª. A troca permaneceu por toda a carreira e a sonoridade das vozes ficou harmônica.
Nos anos 1970, participaram de espetáculos históricos, tais como Construção (1971), Phono 73 (1973), MPB4 no Safári (1975) e Cobra de Vidro (1978). Além disso, lançam discos que consolidam a carreira do quarteto vocal, tais como De Palavra em Palavra, (1971), Cicatrizes (1972), Canto dos Homens (1976) e Cobra de Vidro (1978), entre outros trabalhos de sucesso de crítica e público.